domingo, dezembro 30, 2007


Hélio Pires
Grafite e lápis de cor
Formato A3
(Prenda de Natal)

sábado, dezembro 22, 2007

Ideal não me leves a mal.

O idealismo é um estado da alma, mas a acção é do diabo.
Entre Estados Operários Burocráticos e Democracias Operárias, o socialismo rende-se ao mercado, consequência do desenvolvimento económico e desejo que todos têm, que nem a generosidade de Chávez conseguiu desvanecer, mantendo apenas o que tinha de mais teimoso: trabalhar para alcançar a justiça social.
Na prática qualquer ideologia face a uma necessidade se desfaz, pois o ideal não nos é como nosso cão, e sim como coelho que ocasionalmente achámos que seria bom criar na gaiola, mas que quando solto acaba com todas as ligações que nossos pertences têm à terra.
Não há sonho que não seja a dormir, não há direita que não seja egoísta, nem esquerda que não seja invejosa.

Para Jornal da Juventude Socialista do NESUBI
Estou cansada de Carnaval, de máscaras que escondem horrores.
Tudo o que tenho vivido ultimamente, não passa de uma ilusão.
Como alguém diz, a complacência gera amigos, a verdade inimigos. Sugerem-me também que a harmonia de relações de que presentemente usufruo-o é culpa minha.
Não seria melhor reestruturar algum do meu lado mesquinho, apelando assim aos outros que se mostrem instantaneamente? Como sou só me cria enganos, e só tem feito que o meu barco encalhe.
As pessoas levadas a bem correspondem igualmente, levadas pelo mal cravam-nos as unhas, é certo. Mas isso é só uma verdade que se aplica nos princípios de uma relação, pois pelo bem, pela genuinidade, com o passar do tempo, também nos é trazido desagrados, que doem mais, pois já foi depositado amor.
Porque será ? Interrogo-me.
Julgo que a bondade e todo o manancial de coisas positivas (ainda que pouco enraizadas) que nos traz, causa inveja pelos dois factos, e mais um. Pelo de ser bondoso por si só, que faz sentir os opostos mais pequenos e perdidos nos seus maus sentimentos face um desembaraço fácil e luminoso, pelos lucros consequentes e óbvios, e pela paz que emana de quem usa de tal estado.
Não há moeda sem duas faces, e como desde alguns anos acredito: Para tudo o que é verdade, o contrário é igualmente válido.
Tudo o que tenho construído vai desembocar em lágrimas. Irreversivelmente. Não há nada que não goze de efemeridade. Será este o motivo que dá resposta ao facto? Talvez fosse escusado me perder tanto em pormenores. Sou efémera, tudo o que semeio também o é, PONTO.

terça-feira, dezembro 04, 2007

…sobre o traçado regulador.

Tudo o que se cria obedece a uma ordem para bem do seu correcto funcionamento, e como consequência natural inevitável.
A verdade é que muitos dos arquitectos de hoje abdicam dessa ordem nas suas criações, o que, pode gerar desagrado se não se tiver sentido critico e não se sentir alguma responsabilidade na criação, pois acredito que se esta houver, se farão boas coisas inevitavelmente com ou sem traçado, passo a explicar porquê.
Desde galileu que se tenta prever o que toda a gente chama de caos, ainda que com um sucesso mínimo de constância dentro do sistema, o que normalmente não ocorre na natureza, mas que é suficiente para indagar dois pontos:
- Será que é pertinente abdicar de seguir uma ordem na criação artística?
- Será que mesmo abdicando, não se encontrará uma inevitavelmente, já que estamos inseridos impreterivelmente num sistema organizado?
As duas opções são válidas. Tanto utilizar sistemas reguladores de forma consciente, ou partir em busca de uma ordem ainda não dominada, o caos, que se afigura como a maior, a Natural, e que nos pode abrir caminhos a outros métodos de criação, se, claro, houver responsabilidade no que se faz, pois existência sem consciência é o caminho para a destruição, e afinal, o que nós queremos é prever o indesejável, ter controlo sobre o “acaso”.

domingo, novembro 25, 2007


Parece-me tudo tão cruel e indigesto, antes tivesse estômago para tal. Até o tenho…quando me agarro ao esquecimento.
Quando o saco enche acabo por me desfazer em dor e render-me aos nós na garganta. Reviver sempre a mesma situação de ambiente para ambiente, mesmo sem fazer nada para obter tal chaga é demasiado duro para quando tudo corre mal, e sejamos sensatos, eu passo a vida a perder-me do tempo, e consequentemente chamo o caos.
Depois, quando tudo corre mal, é fácil ver desarrumações em pequenos pontos. Será que a vida social não é importante? Será pequeno ponto? Não. Nós encontramo-nos como humanos na interacção com o próximo. E eu mal me realizo nesse campo. Serei falhada? Ou simplesmente desorganizada? De qualquer das formas, haja o que houver, tenho direito ao comando da minha configuração e nada, nem rejeições, podem pôr em causa tal direito e verdade.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Entre folhas caidas

Ando pela amena noite de Outono até ao café. Sento-me no sofá e tento amenizar a angustia que ainda de leve me arde no peito e me amargura a garganta. Nada sei da minha vida, nada sei acerca da motivação por lutar pelo que sonho.
E porque sonho apenas…sem prazer pela luta? Bem, na verdade tenho algum, talvez apenas custe depois da preguiça da noite agarrar nas armas e pôr-me ao trabalho.
Acordo levemente, demoro nisto quase tantas horas como no dormir.
Não só sonho acordada como durmo em pé.
Perco-me nas minhas exigências como se uma catrefa de filhos a pedir a colher de papa se tratasse. Depois há sempre aquela necessidadezinha de comunicação intima, de que passei a depender. Não me basto a mim mesma nem por breves horas…talvez até minutos, e é isso que me desfaz até à má disposição.
Tenho a mente num caos macabro para as minhas já tão breves resistências.

terça-feira, agosto 28, 2007

Em vez de começar com o fatigante “sinto-me perdida”, digo, que estou cansada da procura de mim mesma.
Desconfio que a meta esteja mesmo muito perto de mim, e eu em vez de ir decididamente ao seu encontro deixo-me perder num emaranhado de sensações e sugestões que me afogam num certo prazer pela incerteza, numa confusão de belas flores que me rasgam a pele com os seus espinhos.
Tenho os nervos à flor da pele, de tal forma que me cai o cabelo incessantemente. Raras vezes estou saudável de modo a que este se afigure firme e minimamente vivo. Contraio em mim sempre um formigueiro no tronco que me consome o cerne da concentração, da motivação, do vigor, e da possível e consequente alegria.

sábado, agosto 25, 2007

Uma vez a visitar o 1/3 da colecção Berardo.




Muita coisa lá estava, entre aulas de arte para miudos, o que me fascinou; mas o que mais mexeu comigo foi esta escultura que mesmo ao perto, tinhamos de observar exaustivamente para conseguir discernir que não era real. Na foto quase parece uma esculta (e é) mas lá pareciam duas pessoas, não só pelo realismo de conjunto, mas também pelos pormenores impressionantes. Quando dei de caras com isto estremeci por completo, e não pela surpresa, mas pelo fascinio de confirmar, mais uma vez, que um momento deste genero é mágico que baste para se considerar arte. Só por si. Sem necessitar de habilidades especiais.

quinta-feira, agosto 23, 2007


"Cova das Maravilhas"
Há um pouco mais de um ano atrás prometi fotos de um lugar que um dia considerei mágico. Não que seja impressionante só por si, não; terá de se ter em conta que desabrochou naturalmente, como uma lágrima que lava um emaranhado de tristeza da nossa face, quando estamos perdidos num deserto. Acontece connosco, com a nossa fisiologia, mas também com a natureza, ou não fosse nascer este pequeno canto do céu no meio de um pinhal, que aparentemente é sempre igual.












sábado, agosto 11, 2007

Escrevo-te daqui, desta confusão profunda que me ata à inércia.
Procuro-te por todo o lado, por todos os recantos de mim, e quando acho um rasto que me sobrou de ti, algo bate à porta, e eu, na minha condescendência incondicional, permito a entrada. Não porque ache que entrará pelo meu quarto algo que me salve do caos, não.
Simplesmente não me respeito o suficiente para barrar a entrada às más energias, e mesmo tendo todas as provas de que estas não me atacam em razão, ponho-me em causa, face a toda uma estrutura firme que me sustentou até à lavagem da memória imediata que me defendia, com um escudo duro de sensações. E que tem tudo para me defender ainda hoje, contra as pequenas pedras em que tropeço. Não a acredito, não sei porquê.
Será que é porque acredito firmemente que para tudo o que é certo o contrario é igualmente válido? Ou será simples falta de amor próprio?
Esqueci-me de mim, daquilo que me liga à validez, e quando uma pedra surge ajo como se o caderno em que se apontou tudo estivesse em branco. No fundo sei que não está assim, mas abrir o cadeado é trabalhoso demais para o estado amorfo em que me encontro. Reviver. Procurar as situações que me animaram um dia a lutar, e relembrar em fim que tudo que tenho vivido depois disso é pequeno demais para que sofra.
Há uma química irritante entre o meu passado e o meu presente. Agem como água e azeite, e o que me desespera é que não tenho tido solução à altura do problema.
No dia em que descobrir a maneira de fundir os dois respeitar-me-ei em força. E não, não basta só conhecer isto em conceito, tenho de achar a sensação que nascerá, enfim, desta fusão. Qual será o caminho?
Detesto-me.

sábado, julho 07, 2007

Devaneios Hi5vianos...Comentário da personagem:

"Cybernetic Kitten From The Future.. ArchiCAT! ..como se a directa a workar para projecto nao bastasse..”


sexta-feira, junho 29, 2007



Banheira

Para trabalho Story Board


Claustros onde se encontram para conversar
Caneta preta uniball
Tamanho A3

Imaginário
Tamanho A3
Caneta preta uniball

quarta-feira, junho 27, 2007

sábado, junho 23, 2007




Tudo desvanece, quem diria, até o mal, apesar da sua teimosia.
4 anos se passaram com a alma completamente perdida num labirinto sem a companhia da Alice, e com muitas lágrimas. Encontrava-me só de mim, e talvez ainda esteja um pouco perdida, não em sensações, como há uns tempos, mas em posições, que reclamam um estatuto definitivo.
Ter a certeza da efemeridade de tudo, de como tudo é insignificante, abre-me horizontes, e planta em mim grandeza de posições, atitudes e opções…não que seja coragem, pois tudo advém de mim com a naturalidade de um afazer que mora no hábito, não que seja caso para se dizer que graças ao hábito toda a atitude passa a natural, não, é necessária abstracção e consciência. Tendo isto dispensa-se a tão difícil coragem.
Coragem, não é quando enfrentamos posições alheias, mas sim quando, conseguimos criar dentro de nós uma verdade, contra todo o lixo já mecanizado por uma sociedade de conveniência, pois guerreamos com a nossa biologia. Feliz ou infelizmente somos como formigas…e ter essa consciência torna-nos maiores do a fisiologia permite.
Coragem é acreditar-mos numa verdade válida num meio, ainda que diferente do que se impõe. Coragem…é gostar-mos de nós mesmos, não pela correspondência que fazemos com os pressupostos sociais, mas pela existência de ideais que tudo isso batem, e que para o nosso corpo, apesar de uma certeza mental, é difícil adquirir. Sei, como sei, que não o é difícil para os outros, pois uma atitude, ainda que estrambólica, se for brilhantemente assumida, soa a coragem, mesmo que desta não se trate, e é admirada e amada como tal. Um exemplo de erro, engano, que é conveniente, lol.
Começo a encontrar o meu caminho da felicidade, que nunca foi conformista, desde que nasci, e me lembro.




terça-feira, junho 19, 2007




19/06/2007

Nos últimos tempos tenho-me constrangido em estupidez. Tenho a mente cheia de porcaria e não sei como fugir. Será mais uma vez culpa das amarras sociais?
"Tento, há quantos anos, vencer a dureza dos dias, das ideias solidificadas, a espessura dos hábitos, que me constrange e tranquiliza. (...)"
Ou será tudo responsabilidade do meu fraco sentido critico e pouca força de vontade?
Graças a este estado que caiu em indefinição, não consigo encontrar palavras para me descrever em verdade, de mim para a minha sombra, pois esta, devido ao caos, põe em hipótese abandonar-me.
"Tento descobrir a face última das coisas e ler aí a minha verdade perfeita. (...) A mancha da lua fosforece como o vapor de uma lenda. Um bafo quente sobe dessa água, sagra-me de silêncio como um dedo na fronte.(...)"
Don't want to let it lay me down this time
Drown my will to fly
Here in the darkness
I know myself
Can't break free until I let it go
Let me go


In my thoughts about Igor

Uma Vénia ;)
Expectativas à volta de uma Curta!

Ora, fiquei a saber desta aventura a uma hora imprópria para quem se tinha de levantar às oito da manhã, para continuar a produção de uma curta metragem que vai participar num concurso, e nasceu de uma cabeça embriegada de uma moça a quem se dá o nome de Isa Cunha...Boa sorte nisso pessoal! Fico à espera da publicação da curta completa.
______________
No ambito do Festival "Lisbon Village Express", vai ser exibida dia 22 de Junho no Cinema São Jorge em Lisboa, a Curta-Metragem '(...)', um projecto concebido por um grupo de estudantes do segundo ano do curso de Cinema da Universidade da Beira Interior (Covilhã).
'(...)' com Mafalda Morão, Pedro Diogo,
Michelle Piedade, João Pereira, Adriano Batista, David Teixeira, ... .
realização Gonçalo Brito
fotografia Isa Cunha
edição Madalena Maltez
direcção de som Miguel Rafael
direcção de produção Xavier Sala
1ª Exibição: Cinema São Jorge, Sala 2, 18:45h.
2ª Exibição: Cinema São Jorge, Sala 2, 21:45h.
3ª Exibição: Cinema São Jorge, Sala 2, 24:00h.



Eu, para Trabalho "Story Board"

Local onde discutem os pormenores da Exposição, para trabalho "Story Board"

Maria Inês, para trabalho "Story Board"


David, para trabalho "Story Board"
(quando vires isto não ralhes comigo :p)

Restaurante ao ar Livre, Para trabalho "Story Board"

segunda-feira, junho 18, 2007

By Raquel

Adeus Segundo Ano!!!

domingo, junho 17, 2007


Fruta Envenenada para trabalho "Story Board"
Caneta e Lápis de cor
Tamanho A3
17/06/2007


Auto Retrato
Grafite e Caneta preta
15/06/2007

Fruta envenenada para trabalho "Story Board"
Esferográfica e lápis de cor
16/06/2007

quinta-feira, maio 17, 2007

Estou-me a deixar levar pela preguiça, pelas ilusões que o calor oferece, ou quase que obriga se não se estiver ciente da realidade, ou antes: do dever.
Este aspecto até ao presente tem batido de leve na minha vida, e das vezes que se afigurou quase que parecia brincadeira.
Hoje só pensar, lembrar-me disso, assusta, mais por me sentir longe da responsabilidade, do que pelo abdicar que exige.
Abdicar do tempo, do que chamam de qualidade de vida…mas afinal de que serve a qualidade se não se cumprem ideias que se tornaram essenciais para mim, de que serve isso se tenho sonhos e esse não é de todo o caminho para os realizar?

domingo, maio 06, 2007

4/05/2007

Quando ocorre um mal maior, tudo o resto que seria problema se transforma em insignificância.
Da felicidade que me atava as palavras à abstracção, passei a um estado de vigília face aos últimos acontecimentos que me deram o estalo para acordar e vislumbrar uma imagem dura, seca e cruel da realidade, que apagou as palavras que estavam na ponta dos dedos.
Acidentes de carro há muitos, mas espero que comigo, mais, não!

5/05/2007

Não consigo escrever.

7/05/2007

Acho que não consigo.
Não consigo reviver o que me permiti sentir por alguns momentos, o não continuamente sentido. Pois se assim o fosse arruinaria o pouco conquistado até agora. Algo em mim me protege de tal.
Desde o inicio todo o acontecimento teve travo a sonho, com gosto amargo e lembrança eufemista. Depois, tudo parece pouco importante, e todo o azar rotineiro indigno de confiança.
Quando nos acontece algo fora do previsto não chega a ser digerido, antes cerca-nos o coração esperando a hora certa para o sufocar. Não posso dizer que isto não se passou. Recordo-me do dia em que vim do hospital, e das lágrimas soluçantes deitadas, do quão amarga foi a semana de pausa, com um sorriso nos lábios tirado de um quadro de Chirico.
Já a estadia entre os que sentem o limiar do tudo, foi vigilante, praticamente sem piscar de olhos, como se fantasmas tivessem a ameaçar saltar da parede.
Não passa tudo de caviar. Caro e amargo, negro como trevas.
Neste momento, e depois de tudo, consigo encontrar alguma sorte no azar…no não acontecido, felizmente.
Apenas consigo sonhar com um futuro, não melhor, pois este já, não é mau…mas como uma continuidade, como extensão do que luto para o hoje, e não como na minha antiguidade, já com cabelos brancos, mas sem juízo, que sonhava em algo com uma certeza gelada de que tudo era imensamente distante. Com tudo isto, confirmei a Teoria do Caos, e daí tirei uma esperança que me reconforta das dificuldades de se ter sonhos.

sexta-feira, abril 13, 2007


Universidade da Beira Interior
Bar polo I
12/04/2007
Lápis nº 6

quinta-feira, abril 12, 2007

Putedo- Especial Páscoa





Ahah!
Putedo - a visita de Bárbara


O verdadeiro Putedo
Só eu sei como me satisfaz ter amigos activos... aqui está a prova:
Série Documental Putedo... que começou com mera brincadeira, a fim de uma caricatura sarcástica. Para obrigatóriamente aplaudir e se quiserem...rir!





Universidade da Beira Interior

12/04/2007

Lápis nº6

Museu dos Laníficios, Covilhã
11/04/2007
Tamanho A3
Caneta preta "Uniball"

quarta-feira, abril 11, 2007



Museu dos Laníficios, Covilhã
1/4/2007
Tamanho A3
Caneta preta "uniball"

segunda-feira, abril 02, 2007

Quando um filme nos puxa os cabelos...
Mulholland Drive
David Lynch parece ter esta posição: “Que tal eu deixar o mundo viver como quer e deixar que eu viva como quero”
De qualquer das formas, a interpretação que se extrai do filme é esta:
Tudo se desenrola como se fosse um filme com princípio meio e fim, mas de repente apercebemo-nos que não é assim, e a simples observação da tela, acaba numa grande dor de cabeça. Surge o Cowboy, que é um género de pregador de ideias, tal como um “pastor”, um padre, na sua forma mais genuína e americana…e que nos diz o principal: “A forma como a tua vida é só depende de como a levas, uma vez com calma tudo corre bem”…enfim algo do género, e acrescenta “se não acentares bem esta ideia aparecerei mais vezes”…tudo isto dito a um REALIZADOR. O verdadeiro realizador neste caso é o Cowboy. E nós somos realizadores da nossa interpretação, da nossa vida, das nossas ideias tal como Adam, mas é Lynch que nos vai dizer que apesar das nossas convicções tudo não passa de uma ilusão, em que para tudo o que é certo o contrário é igualmente válido, daí a troca de identidades, a destituição de ordem, que na realidade só existe na nossa transfiguração mental, que para o ser humano é essencial, tal como o conceito espaço-tempo. A ideia é fortemente vincada aquando o aparecimento do Club Silêncio…e silêncio porquê? Porque na realidade nada existe, e nada depende de nada para que alguma coisa se desenrole. Não há ordens, hierarquias, leis naturais, nem tretas, apenas estamos alienados e não nos apercebemos de tal, daí as personagens chorarem face à mostra de uma realidade ilusória, e a verdadeira sensação do facto põe-nos em pânico. Eles são bem explícitos: “Everything is Illusion”. Daí a história começar numa estrada nos arredores de Hollywood, o mundo dos sonhos e ilusões, que é uma metáfora feita com o planeta terra, dai a personagem Rita (que nem Rita chega a ser) que é a verdadeira assunção do “eu” perdido de forma mais explicita nesse mundo. Tudo se revela na caixa que ela transporta…vem do nada e regressa ao nada. A caixa é azul porque o Azul é a cor, por excelência da letargia, estando relacionado com a apatia ou impossibilidade de acção face ao cosmos.
O cowboy …o verdadeiro Realizador, aparece mais duas vezes: para marcar a terceira parte do filme, pois a outras duas já foram…quando a Betty foi para a terra dos sonhos, primeira parte, quando Rita se apercebeu que era acompanhada por um fulgor vibrante de vida, que na realidade estava morto,…não existia, segunda parte; e então chega-nos a terceira parte, em que todo o fulgor se pode inverter…ou seja um mundo caótico, horrendo, e terrivelmente fatal. O Cowboy aparece aquando o jantar na casa de Adam, para marcar mais uma vez o conceito de ilusório “de que a pressa e ânsia de viver é fatal na ordem natural da existência”, pois Betty está cheia de aspirações sonhos e ilusões, é isso que lhe marca a morte…e o fecho do filme, e sublinha a necessidade de nos abstrair-mos da alienação terrena, para nos salvar-mos, e apercebermo-nos de uma vez por todas da nossa realidade abstracta.
É apenas esta a minha interpretação...

terça-feira, março 20, 2007

Tudo muda em pouco tempo…tudo muda por reminiscências do acaso, não é de todo necessário o acaso de corpo inteiro.
Neste momento invade-me a ideia de que já não sou capaz de escrever com veracidade, pois a convivência e balbúrdia emocional, esta felicidade ou contentamento absurdo, e quem sabe…efémero, cega-me, destitui-me de clareza de ideias, ou antes absorve-me em preguiça. Em parte assusta-me, em parte compreendo. Já não estou só comigo e perdi o tempo para escavar ideias, perdi o tempo para minhoquices, e dei lugar à experimentação.
Neste últimos dias apercebi-me novamente da assunção voluntária de sentimentos em mim, da libertação de códigos e convenções que me limitavam, me apagavam na indiferença, minha por mim, e me constrangiam em rotina. Os bons sentimentos expressos trazem cor e movimento à vida, e não devem ser omitidos, mesmo que por falta de coragem…deve-se enfrentar essa falta, para se puder ter a sensação divina de se ter agido positivamente, esquecendo as consequências, essa obsessão diabólica que nos amestra, castra, mata, ganhando-se pelo acto. A consequência é apenas complementar.
Não se possui inteligência emocional ao ocultar-se sentimentos, isso é apenas cobardia, e sim inteligência emocional pode-se inclusive expressar através da sua mostra, revelando-se na maneira como estes são mostrados, com ou sem beleza, com ou sem elegância, com ou sem brilho de coragem…que acompanha o acto.
Pode-se acusar de estupidez, o esconde esconde de tumulto interno, que apesar de todo o disfarce, transborda, se mostra na sua forma mais hedionda e pequena, porque por azar nos saiu, passando do belo ao cómico.
Agradeço a coragem, ou orgulho, para assumir os mais envergonhados sentires.


quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A todos aqueles que se metem comigo pela minha paixão ao Café:
(sendo informados que agora só bebo um por dia)


Se queres prevenir…
…a Parkinson, convém-te saber que, segundo um estudo publicado no The Journal of the American Medical Assotiation, o consumo de cafeína reduz o risco de sofrer esta enfermidade, tal como se comprovou em homens consumidores de, ao menos duas chávenas diárias de café.

Comprovou-se que o café diminui o risco de sofrer de coágulos renais, já que a cafeína detém a sua formação mediante o aumento de produção de urina.

A cafeína estimula o sistema nervoso central. Um consumo moderado acentua a capacidade de estar alerta, gerando motivação e concentração; poderia manter com energia uma pessoa sem dormir 48 horas.

O consumo de café é uma boa ajuda para os desportistas, devido a que a cafeína tem um efeito positivo ao fazer exercício pou aumentar a energia e a resistência.

Depois de uma boa refeição não há nada como uma tertúlia…e uma chávena de café. Sobretudo se temos em conta que esta bebida actua sobre todos os órgãos digestivos, facilitando sua actividade.

Tomar café não é incompatível com uma dieta de emagrecimento. Ao contrário, poderá dizer-se que é um produto “light”, já que uma chávena de café expresso contém só duas calorias; um café com leite, umas 10 calorias, e acompanhar o café com uma colherzita de açúcar dá-nos 20 calorias. Muito pouco para um autêntico prazer, não é?

terça-feira, fevereiro 06, 2007

De tudo o que sinto e que tento guardar em palavras, estas só fixam uma imagem fosca, destorcida, incompleta, como quando alguém faz uma viagem e manda um postal a um amigo, que não esteve igual, não experimentou igual, enfim, não resultaram por isso os fragmentos desta igual…não sentindo igual, mesmo que lá tenha ido.
Hoje agarrei no meu diário com este desespero, de quem não passa ao confidente uma energia fidedigna sua, com todas as notas e cores, como se não tivesse palavras suficientes no bolso para largar, apenas fragmentos de uma poeira que esvoaça abstracta no ar, e que lá caíram.
Sinto-me incapaz. Espero que quando mais uma vez ler o diário, não voltar a acusá-lo de dissimulado ou até mentiroso.

domingo, fevereiro 04, 2007


Esta é fácil de ler, mas difícil de digerir. Obrigado, por ma teres enviado!!!!

Entrei apressado e com muita fome no restaurante.
Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, porque queria aproveitar os poucos minutos que dispunha naquele dia, para comer e acertar alguns bugs de programação num sistema que estava a desenvolver, além de planear a minha viagemde férias, coisa que há tempos que não sei o que são.
Pedi um filete de salmão com alcaparras em manteiga, uma salada e umsumo de laranja, afinal de contas fome é fome, mas regime é regime não é?
Abri o meu portátil e apanhei um susto comaquela voz baixinha atrás de mim:
- Senhor, não tem umas moedinhas?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, eu compro um.
Para variar, a minha caixa de entrada está cheia de e-mail.
Fico distraído a ver poesias, as formatações lindas, rindo com aspiadas malucas.
Ah! Essa música leva-me até Londres e às boas lembranças de tempos áureos.
- Senhor, peça para colocar margarina e queijo.
Percebo nessa altura que o menino tinha ficado ali.- Ok. Vou pedir, mas depois deixas-me trabalhar, estou muito ocupado,está bem?
Chega a minha refeição e com ela o meu mal-estar. Faço o pedido do menino, e o empregado pergunta-me se quero que mande o menino ir embora.
O peso na consciência, impedem-me de o dizer. Digo que está tudo bem. Deixe-o ficar. Que traga o pão e, mais uma refeição decente para ele.
Então sentou-se à minha frente e perguntou:
- Senhor o que está fazer?
- Estou a ler uns e-mail.
- O que são e-mail?
- São mensagens electrónicas mandadas por pessoas via Internet (sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me dequestionários desses):
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Senhor você tem Internet?
- Tenho sim, essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet ?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas,notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar,aprender.
Tem de tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, sabendo com certeza que ele pouco vai entender e deixar-me-ia almoçar, sem culpas.
- Virtual é um local queimaginamos, algo que não podemos tocar, apanhar, pegar... é lá que criamos um monte de coisas que gostaríamosde fazer. Criamos as nossas fantasias, transformamos o mundo em quasecomo queríamos que fosse.
- Que bom isso. Gostei!
- Menino, entendeste o significado da palavra virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual.
- Tens computador?! - Exclamo eu!!!
- Não, mas o meu mundo também é vivido dessa maneira...Virtual.
A minha mãe fica todo dia fora, chega muito tarde, quase não a vejo, enquanto eu fico a cuidar do meu irmão pequeno que vive a chorar defome e eu dou-lhe água para ele pensar que é sopa, a minha irmã mais velha sai todo dia também, diz que vai vender o corpo, mas não entendo, porque ela volta sempre com o corpo, o meu pai está na cadeia há muito tempo, mas imagino sempre a nossa família toda junta em casa,muita comida, muitos brinquedos de natal e eu a estudar na escola para vir a ser um médico um dia. Isto é virtual não é senhor???
Fechei o portátil, mas não fui a tempo de impedir que as lágrimas caíssem sobre o teclado.
Esperei que o menino acabasse de literalmente "devorar" o prato dele, paguei, e dei-lhe o troco, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um"Brigado senhor, você é muito simpático!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensatoem que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!

sábado, janeiro 27, 2007

Porto calmo de Abrigo, um presente melhor.
Talvez tenha a obrigação para comigo de comemorar, mas só a partir e a acabar aí.
Não sei falar de cor.
Procuro um modo confortável de estar em vida, que pelo decorrer de definições pessoais, em nada se liga como conformismo comodista de alguém que regra os momentos de felicidade correndo o risco de lhe “sair o tiro pela culatra”, pois o seu anjo da guarda juntou-se a outros tantos para tentar motivar Deus a comparecer ao Natal do próximo ano.
Pois é, nisto, e sem o meu anjo da guarda, lá passei pelo meu aniversário como se nada fosse, mas desta vez sem lágrimas, pois esta data está praticamente apagada da minha vontade.
Passei pelo Natal num Restaurante Chinês a comer uma sopa improvisada…nada má.
A passagem de ano, muitos não a comemoram, embora seja das festas a mais impessoal, e por isso menos pesada, menos susceptível a maus sentimentos.
Pergunto-me se terá sido pelos momentos desagradáveis que se geram nestas datas forçadas, que as tendo a abandonar. Mas no fundo sei que não é isso.
Apenas não gosto de falar de cor.
Não gosto da rotina.
Reinventem-se comemorações, ou então, comemore-se todos os dias, não datas que nada mais são do que ficção, mas sim o simples acto de estar vivo, pois marcar data para se estar feliz é tormentoso, e uma responsabilidade acrescida para quem já percebeu que a vida não se tem na mão…por isso abra-se champanhe e beba-se um copo todos os dias.
Isso éo que faço quando saboreando o meu desabafar aqui, escrevo, sem mais nada, ao som de algo motivante, sem a regra de tomar algo, muitas vezes, sem som, pois impor hábitos é delimitar a existência.
Daí não comemorar hoje 1 ano de blog…Afinal, o que devo eu ao Ano?

domingo, janeiro 21, 2007

Nos últimos dias, tive oportunidade de me pôr à prova e de tirar novas elações acerca de um Futuro próximo, pois abriu-se uma janela no meio do vazio que bloqueava a porta.
Ainda há pessoas que não se transformam em demónios face à felicidade alheia. Mas a maioria não escapa ao hábito maligno.
Ainda há pessoas que se esquecem de escavar em busca de motivos em si para se evidenciarem.
Amam o respeito pelo próximo e a sua companhia, por motivos de raiz bíblica, para bem da ordem e do conforto social.
Amam estar bem com a sua consciência. Amam ser agradáveis só pelo prazer de o serem, valor que possuem, valor que um dia foi dado pela genética ou pelo desastre.
Renascimento
Renascimento foi o nome utilizado pelos historiadores do século XIX para designar uma evolução mais segura e firme das mentalidades e da cultura europeias, ocorridas no período histórico compreendido entre os inícios do século XV e finais do século XVI.
As origens do Renascimento são bem definidas, e os factos claros. Graças a investigações recentes, ficámos a conhecer melhor as circunstâncias especiais que ajudam a explicar a génese do novo estilo, precisamente em Florença e no início do século XV e não noutro lugar ou noutra época qualquer.
Por volta de 1400, o Estado florentino enfrentava uma séria ameaça à sua independência.
O poderoso Duque de Milão tentava dominar toda a Itália e já tinha subjugado as planícies da Lombardia e a maior parte das cidades-estado da zona central. Florença constituía o único obstáculo sério à sua ambição: a cidade opôs-lhe uma rigorosa e bem sucedida resistência em três frentes, militar, diplomática e intelectual. Se o Duque aliciara eloquentes partidários, como o novo César que trazia ordem e paz aos italianos, Florença, por seu lado, conseguiu ter por si a opinião pública, ao proclamar-se defensora da liberdade contra a tirania sem freios.
Leonardo Bruni, falando como cidadão de uma República livre, pergunta por que razão, de todos os estados da Itália, só Florença fora capaz de desafiar o poder superior de Milão, e encontra a resposta nos méritos das instituições, nas realizações culturais, na situação geográfica, no espírito do povo e até nas raízes Etruscas da sua Pátria.
As artes plásticas foram tidas por essenciais para o ressurgimento da alma florentina. Na Antiguidade e na Idade Média tinham sido irmanadas aos ofícios artesanais ou “artes mecânicas”. Ora não foi por acaso que a primeira declaração explícita a reclamar para elas a honra de serem incluídas entre as “Artes Liberais” se deveu ao cronista florentino Filipo Vilani, c.1400. Um século mais tarde, já esta promoção dos artistas se tornara corrente em toda a Europa Ocidental.
Que importância tinha esta valorização social?
Desde Platão, as artes liberais compreendiam tradicionalmente as disciplinas julgadas necessárias à educação do homem culto, como a Matemática ( incluindo a teoria da Música) a Dialéctica, a Gramática, a Retórica e a Filosofia: as Belas Artes ficavam excluídas do grupo porque eram “trabalho manual”, a que faltava uma base teórica. Mas desde que o artista passou a ser considerado digno de entrar para esse escol intelectual, torna-se necessário redefinir a natureza do seu trabalho. Então reconheceram-lhe a categoria de homem de ideias, acima do simples artífice manipulador de materiais; as obras de arte, encaradas como expressão visível do seu espírito criador, deixam de ser julgadas pelos padrões rígidos do Artesanato.
Em breve, tudo o que saísse das mãos de um grande mestre seria avidamente coleccionado. E, a par, modificaram-se as perspectivas intelectuais do Artista: no convívio com poetas e letrados pode ganhar saber e cultura literária, torna-se capaz de escrever poemas, auto-biografias, tratados teóricos. Entre os artistas que alcançaram uma posição social de relevo, afirmaram-se em especial dois tipos contrastantes de personalidade: a do homem do mundo, senhor de si, cortês, à vontade no ambiente aristocrático, e a do génio solitário, reservado, excêntrico, dado a crises de humor melancólico e a conflitos repetidos com os seus patronos. Caso notável este de se ter implantado com tanta rapidez um conceito tão moderno da Arte e dos Artistas na Florença da primeira fase do Renascimento, ou Proto-Renascimento.
Tendo em conta que este estilo nasceu de uma viragem sem sombras para ocultar a liberdade dos Homens da época é pertinente chamá-lo de “O Renascimento”, pois foi uma mudança decisiva ainda que não de cento e oitenta graus, pois existiram “Renascimentos”, seja, viragens, transformações, em épocas anteriores, que contribuíram irrefutavelmente para este ponto culminante, como na Idade Média. Aí, a partir do Ano Mil, em que um conjunto de circunstância favoráveis permitiu a inversão do quadro negativo. O súbito regresso à paz permitiu um ambiente social de maior estabilidade e segurança, na qual surgiram os Burgos - as cidades medievais – eram já símbolos do renascer da Europa, abrindo as feiras e mercados mais prósperos e , à sombra das suas igrejas episcopais, as Colegiadas e Universidades de maior renome por onde passou toda a renovação cultural que proporcionou o Renascimento da Idade Moderna.
Outro renascer que se deu ainda na Idade Média for no século XII, que teve como berço a Ilê de France, coração do reino de França, e remata o lento crescimento económico e o tímido renascimento cultural e artístico da época românica, o aparecimento e posterior desenvolvimento da arte gótica estiveram indissoluvelmente ligados aos maior dinamismo conjuntural dos finais da idade Média, período apelidado por alguns como o da “bela Idade Média”.
Podemos então concluir que este renascer de mentalidade, não é repentino, naturalmente, mas antes, o «Colher da Flor», que se vinha formando época após época.

sábado, janeiro 06, 2007


Conceito de Monumento


A origem da palavra “monumento” vem do verbo latino monere, que significa tanto “fazer recordar” como também “instruir”.
Este significado remete-nos para a importância do monumento enquanto memória do significado de um determinado conjunto de indivíduos, no que toca à evolução histórica, pois como herança colectiva tem um duplo valor e um significado especial, já que nos permite situar no nosso tempo, estabelecendo uma relação de continuidade entre o nosso passado e o nosso presente.
Perante esta herança Patrimonial, a comunidade tem a responsabilidade de a preservar, utilizar e valorizar. Por isso é necessário conhecê-la em profundidade para podermos intervir e usufruí-la da melhor maneira, de modo a transmiti-la ainda mais qualificada e enriquecida às gerações vindouras. Cada geração se confronta com o Património do passado perante o qual tem responsabilidades de preservação, ao mesmo tempo que realiza a sua própria produção contemporânea, que virá também a constituir o Património do Futuro.
O Património assume diversas formas de acordo com as várias manifestações culturais e o programa material e estético de cada um dos campos de realização e intervenção, da Arquitectura aos objectos, passado pela produção teórica, existe um vasto leque de bens monumentais que assumem identidades próprias e devem ser estudadas à luz dessa especificidade e lidos com base nos conceitos a partir dos quais se materializaram.
Por natureza específica, toda a obra de arte é um testemunho histórico, pois como produto da época que a fez nascer, ela traz toda a informação técnica, material e formal dessa mesma época. Ela é também um reflexo da mentalidade e das potencialidades da sociedade que a produziu, ou em cujo contexto ela foi criada.
O suporte físico e o tipo de produtos ou materiais usados numa obra de arte são dados referenciais de um determinado tempo histórico. Por exemplo ao analisar uma pintura rupestre do início do Paleolítico (fig.1), o desenho das figuras é espesso e modelado e as formas aproveitam as saliências das rochas, enquanto que no final do Madalenense aparecem figuras que utilizam o vermelhão, os tons violáceos, os alaranjados e o bistre, que serve para cercar as figuras (fig.2), assim como ao analisar a escultura egípcia do Império Antigo observamos uma representação realista e pormenorizada da cabeça, e o corpo mais negligenciado (fig.3), sendo que na época ptolomaica a escultura é um compromisso entre a arte grega e a egípcia e não mais aparecerá o vigor, a força e o poder da arte do Império Antigo (fig.4). A análise de elementos físicos e materiais pode dar-nos informações históricas preciosas, e leva-nos quase sempre à datação aproximada ou precisa de uma determinada obra de arte comportando-se esta como documento e consequentemente monumento.
Também um monumento histórico é um monumento artístico, já que a arte é uma condição de humanidade, pois está inerente à actividade humana.
Em oposição aos primórdios da valorização do monumento, em que vigorava um ideal artístico absolutamente objectivo, no século XIX emancipam-se todos os períodos artísticos e abandona-se o tal ideal artístico objectivo, dando-se lugar no século XX a uma análise da arte sobre o seu próprio universo, interrogando-se a si própria, o seu valor e significado. Assim o ideal de perfeição é posto em causa e os meios técnicos tanto podem contribuir para atingir um determinado conceito de beleza como para a questionar.
Num panorama tão vasto e diverso como o da nossa contemporaneidade, a delimitação do campo da obra de arte e do fenómeno artístico é cada vez mais imprecisa sendo o valor monumental cada vez mais alargado, e tendo em conta que toda a realização humana pertinente dentro de determinado objectivo é arte, o valor de monumento, alarga-se a praticamente todas as coisas derivadas do Homem, assim como o conceito de arte, fundindo-se os dois conceitos num só.
Este conceito mede-se muitas vezes, dentro da esfera pessoal, pela proximidade ou semelhança com valores vigentes, pelo facto da compreensão ser imediata, residindo tal comodismo num défice de educação para o culto do monumento enquanto valor necessário a um presente justificado.
Dado isto, não poderá existir um valor artístico (e monumental) eterno, já que assistimos a uma constante mudança de valores, mas apenas relativo, sendo este não um valor rememorativo, mas um valor de pertinência dado a aceitação de determinada contemporaneidade.
Dentro dos valores documentais do monumento posso concluir que apenas existirão monumentos “não intencionados”, já que mesmo algo construído com a intenção de afirmar valores numa determinada época, não o foi com o objectivo de ser relembrada num futuro a longo prazo, tal como as Pirâmides do Egipto (fig.5), embora estas tivessem como alvo a memória da gerações vindouras, apenas num futuro próximo e previsível. Ou como o Pártenon (fig.6), em que o objectivo era uma monumentalidade e culto no seu tempo, embora tenha conservado valores e significado até hoje, ainda que em moldes distintos - o de documento, sendo monumental ao instruir-nos sobre o passado, mas não sobre os valores intrínsecos da obra querendo-os residentes num dia a dia de hoje.
O monumento possui também o Valor de Antiguidade, que se liga à necessidade do Homem encontrar as suas origens, o que lhe confere a tranquilidade necessária à sua saudável permanência num presente, vinda de uma consciência de identidade bem identificada, portanto real e firme, conferindo-lhe, face a qualquer dúvida existencial ou falha, a certeza de uma pertinência passada, e talvez passível de se recuperar.