quinta-feira, maio 17, 2007

Estou-me a deixar levar pela preguiça, pelas ilusões que o calor oferece, ou quase que obriga se não se estiver ciente da realidade, ou antes: do dever.
Este aspecto até ao presente tem batido de leve na minha vida, e das vezes que se afigurou quase que parecia brincadeira.
Hoje só pensar, lembrar-me disso, assusta, mais por me sentir longe da responsabilidade, do que pelo abdicar que exige.
Abdicar do tempo, do que chamam de qualidade de vida…mas afinal de que serve a qualidade se não se cumprem ideias que se tornaram essenciais para mim, de que serve isso se tenho sonhos e esse não é de todo o caminho para os realizar?

domingo, maio 06, 2007

4/05/2007

Quando ocorre um mal maior, tudo o resto que seria problema se transforma em insignificância.
Da felicidade que me atava as palavras à abstracção, passei a um estado de vigília face aos últimos acontecimentos que me deram o estalo para acordar e vislumbrar uma imagem dura, seca e cruel da realidade, que apagou as palavras que estavam na ponta dos dedos.
Acidentes de carro há muitos, mas espero que comigo, mais, não!

5/05/2007

Não consigo escrever.

7/05/2007

Acho que não consigo.
Não consigo reviver o que me permiti sentir por alguns momentos, o não continuamente sentido. Pois se assim o fosse arruinaria o pouco conquistado até agora. Algo em mim me protege de tal.
Desde o inicio todo o acontecimento teve travo a sonho, com gosto amargo e lembrança eufemista. Depois, tudo parece pouco importante, e todo o azar rotineiro indigno de confiança.
Quando nos acontece algo fora do previsto não chega a ser digerido, antes cerca-nos o coração esperando a hora certa para o sufocar. Não posso dizer que isto não se passou. Recordo-me do dia em que vim do hospital, e das lágrimas soluçantes deitadas, do quão amarga foi a semana de pausa, com um sorriso nos lábios tirado de um quadro de Chirico.
Já a estadia entre os que sentem o limiar do tudo, foi vigilante, praticamente sem piscar de olhos, como se fantasmas tivessem a ameaçar saltar da parede.
Não passa tudo de caviar. Caro e amargo, negro como trevas.
Neste momento, e depois de tudo, consigo encontrar alguma sorte no azar…no não acontecido, felizmente.
Apenas consigo sonhar com um futuro, não melhor, pois este já, não é mau…mas como uma continuidade, como extensão do que luto para o hoje, e não como na minha antiguidade, já com cabelos brancos, mas sem juízo, que sonhava em algo com uma certeza gelada de que tudo era imensamente distante. Com tudo isto, confirmei a Teoria do Caos, e daí tirei uma esperança que me reconforta das dificuldades de se ter sonhos.