quarta-feira, março 22, 2006


Covão D’Ametade…

Nesta fase, o esboceto, é-nos pedido que façamos a sugestão de um espaço arquitectónico para um lugar na Serra da Estrela, estando a dificuldade, a meu ver, ligada com a relação entre um novo objecto que surge num espaço já com carácter definido, e extremamente belo, e quando a beleza sobra o desastre da intervenção é-lhe proporcional, pois o ser humano intimida-se, a nossa perspicácia esconde-se por detrás das costas e trabalhamos assim quase em branco.
Assim é na procura de escapar a este género de reacção que proponho um lugar diferente do que foi dado, tendo em consideração principalmente que este novo sítio se configura como numa procura que o continuem, pois assume-se como uma parte que não conseguiu acompanhar a configuração do que o envolve, e é na tentativa de assim lhe corresponder que o elejo como lugar da minha construção.
A orientação da construção foi escolhida de acordo com o movimento aparente do sol, podendo-se afirmar que apesar de esta possuir uma parede toda em vidro, este não será gerador de calor em excesso, uma vez que esta parede está virada para sudeste, só apanhando o fresco sol da manhã, sendo contrabalançado isto com a refrescante ambiência do riacho que atravessa o extremo nordeste do abrigo pois este contém uma abertura naquele, o que ajudará ainda mais a circulação de ar.
A abertura do abrigo encontra-se voltada a sudoeste para fugir à entrada de correntes de ar, assim como constitui um atalho para quem percorre todo o covão (já que essa é a tendência de quem o visita), e ter a facilidade de entrar logo imediatamente a seguir de ter esgotado as vistas.
A zona da lareira está voltada a norte, com o que se pretendeu que de verão esta zona pudesse assumir igualmente um lugar de descanso pois não apanhando sol directo será a zona mais fresca da construção podendo, no entanto, ser isto interrompido com o acender da fogueira.
É de mencionar também que a longa pala da cobertura que encima a zona de vidro não deixará apanhar o que sol que de verão se encontra a pique.
Na mesma intenção de “preenchimento” surge-nos a conformação formal do abrigo, complementando a posição que se tomou quanto à projecção no terreno, com a resignação das formas ao que já existe, e procurando realçá-lo.
Em consonância com isto está o interior que mesmo tentando fazer parte de um todo define entre o espaço que ergue uma diferenciação interior/exterior, como que para marcar a entrada em algo apenas subjacente à natureza, dada essa sensação através do desnivelamento interno, como também como uma procura de uma ténue entrada, na busca de um momento de ambientação a uma “nova realidade”. Embora a marcação da diferença se faça, o interior obedece á mesma camuflagem que se procura na relação do objecto com o exterior, que se pode verificar na implantação dos elementos constituintes do abrigo, como a fonte que sai da rocha, ou a lareira que se incorpora na parede que limita a visão exterior, numa busca que esta seja descansadamente gradual.

















domingo, março 12, 2006

Hoje não tenho imagem. A única imagem que me invade e consome é a do passado, da qual restou apenas a sombra numa penumbra que ainda subsiste. E dessa época não possuo nenhuma foto nítida, apenas o rasto em areia pisado pelo dinaussauro que me habita agora, e que me lembra estar no príncipio dos meus tempos. Regredi.
Sinto-me arcaica em tudo que me projecto, me proponho ultrapassar, como se tivesse ancorada em alto mar ignorando que este se encontra bravo, e eu teimo em não avançar.
Dançar. Talvez me faça escapar ao fantasma do presente que me retrocede, pois o estado físico é indissociável do estado psíquico. E lamentar que somos aquilo que comemos e fazemos não me leva a lado algum. Resta-me alegrar pelo importante facto de me cheirar a lugar de dança pelas redondezas. A vocês...prometo animar.

quarta-feira, março 08, 2006













.Covão da Ametade.



Hoje fui ameçada por um verão através da neve. Belo local. Espero estar à altura de tal projecto (um abrigo para o Covão da Ametade, na serra da Estrela), pois quando a beleza sobra o desastre da intervenção é-lhe propocional, pois o ser humano intimida-se, o carácter esconde-se por detrás das nossas costas, e trabalhamos assim quase em branco. Resta-me esperar que os meus erros neste trabalho estejam certos e que o meu aquecedor vista o ser do meu Verão, pois a minha primavera esmoreceu quando acabei por chegar à conclusão que não há na Covilhã aulas de Dança de Salão que eu sonhava praticar.
Sinto-me embrutecida pela rotina e vexada dentro de um convívio, o que me atordoa de todo, sinto que a dança iria acabar com esta suspenção de existência, mas mais uma vez os castelos no ar caiem sobre terra, e começo a silenciar-me com o trabalho escolar e com o pouco cumprido curso de inglês. Quem sabe aquela impossibilidade não abra alas para decorar mais algumas telas em branco?...Gostava de voltar a trabalhar à noite, mas a certeza que a penumbra de um bar na noite dissolvia o meu dia seguinte em nada, fez-me pensar duas vezes quando descobri que teria de trabalhar até às 6 da madrugada.

segunda-feira, março 06, 2006


Sento-me aqui nesta cadeira confortável, e tento fazer crescer algo que adoptei faz cerca de um mês sem grande convicção- o meu blog.
A invencível rotina faz com que me olhe ao espelho com um vazio, mas no entanto, sinto-me alegre de notar que a minha aura começa a tomar um rumo mais positivo, quando me vejo a sentir uma estirada de cerca de 200 km sem inércia e apatia, fazendo esta a fronteira com aqueles tormentos ( três semanas sem nada fazer), e conseguindo perder assim, nas imagens a 160 km/ h, o olhar com prazer.
Agora uma aura já primaveril, lança-me os olhos pela janela, na qual o aquecedor participa mais que qualquer flor que se possa ver num parapeito vizinho, e sinto-me satisfeita por me sentir mais optimista, embora desesperante por uns dias de belo calor, pois o Sol ilude e reconforta, e talvez com a sua ajuda aprenda definitivamente que o significado de mim mesma é de dentro de mim que o sei não do olhar dos outros, e que qualquer pedaço de mundo que se consiga, fora amelhado com suor... que se esqueçam as lágrimas! Que estas venham apenas quando um objectivo for alcançado. Peço, a algo mais forte que eu, que o trabalho não me sagre de silêncio, como um dedo na fronte.