terça-feira, fevereiro 07, 2006


Museu do Crescimento Ilimitado…

Le Corbusier recebeu uma formação moral que acentuava os contrastes entre o bem e o mal, como no preto e no branco. Esta atitude mental influenciou-o no sentido da dialéctica presente na sua obra, que traduz linhas simples e pragmatismo.
Assim na obra estudada Museu do Crescimento Ilimitado aplica uma linguagem que foge a qualquer tipo de compromisso com a envolvente, criando uma arquitectura que vive de si mesma, notando-se aqui a subjacente filosofia dos contrastes que referi.
O próprio nome da obra conta-nos logo como será a sua conformação, sendo levado o visitante a ter uma sensação de crescimento, dada através não só do percurso interno em espiral, como também através do quinto alçado (cobertura) para quem a observa dos céus. A cobertura está em conformidade com o interior, constituindo uma só espiral.
O signífero desta construção é acentuado pelo jogo de luz genialmente programado pelo arquitecto, que se revela quando se percorre galeria a galeria observando-se sempre a mesma configuração espacial dada pelas janelas em fita e pelos corredores uniformes e crescentes que se repetem galeria a galeria, sendo esta insistente utilização o apogeu da unicidade e geometrização do espaço da obra. Quem estiver então no interior deverá ter a sensação que não avançou nem um passo desde a primeira galeria, sendo utilizada a dicotomia de um labirinto clareza/confusão, que faz com que o interior ganhe vida, no sentido em que a simplicidade extrema, através de um jogo de espaço, desperta atenção e entusiasmo.
Le Corbusier nesta obra põe também em prática a construção sobre pilotis libertando o terreno do seu inteiro compromisso de sustentação, permitindo assim uma utilização do piso térreo mais a par de uma modernização urbana, onde se propunha libertar o terreno para circulação e para o automóvel, ou garantia a independência das características particulares de cada terreno, permitindo que a construção se acomodasse às circunstâncias geográficas.
Um dos pontos que caracteriza a genialidade deste projecto é a geometria que esteve na base da sua feitura. A partir de um quadrado (unidade base) de 7x7m, o projecto cresce em espiral, sendo o coração desta construção quatro unidades base. Esta geometria mostra-nos como a partir de algo tão simples e puro como um quadrado é possível fazer Arquitectura tão forte, cheia de vida e carácter.
Reforçando a conformação interna da obra, estão as fachadas simultaneamente simples e ritmadas, separando-nos de qualquer monotonia, apesar da simples concretização que constitui.
Este trabalho foi elaborado no contexto da disciplina de Projecto I durante o 1º semestre de 05/2006, quando foram destribuídos vários projectos em sorteio. Como partes constituintes deste exercício foram lançadas várias etapas as quais enumero: uma pesquisa, em que se procuraram elementos como cortes plantas e alçados do projecto, na qual eu não encontrei mais que fotos de uma maquete, pois o projecto nunca foi concretizado, servindo no entanto de modelo para um outro que foi feito na Índia (Museu de Ahmedabad) pelo mesmo autor; análise do projecto em que tivemos de redesenhar toda a obra em mútipla projecção ortogonal; análise compositiva, em que se procurou a lógica projectual subjacente à obra como taxia, genera e symmetria; realização da maquette; por último foi-nos pedida uma contextualização que não era mais de que uma "esticada" memória descritiva, e uma apresentação oral síntese de todo o projecto que nos coube.
Devo dizer que estou pelos cabelos com este trabalho...

1 comentário:

Ana having fun disse...

olá
estou neste momento a fazer o mesmo exercicio mas para a disciplina de teoria IV, mas não encontro informação nenhuma.
Será que me podias indicar alguma fonte de pesquisa?

obrigada,
Ana Neto.