domingo, julho 24, 2011

Assim.


Como quem quer a coisa
a noite entretece, prolongando-se...
é morfina, outrora vivida,
como têmpora de ovo, erradicada
de um quadro vivo de lembraças
e naturezas mortas.

é vida e amor que num 8 de 8 anos se desfez
é morte não enterrada,
saboreada por entre uma fresta em festa
quando a brisa entra


São cordões que se puxam
para sempre
sobre gesso e linho, misturados
entre dois cenários...
sem qualquer fim representativo

Realista.

Como toda a natureza amorosa
isto é simples.
sentimentos que não se explicam.
é o abstracto da vontade.
embora encerre impossibilidade
num presente cansado de obrigação.


É um pano que se puxa e tapa
todo o trabalho de tempos e tempos
para não se deteriorar.
é uma peça que não acaba
só porque se deixou de representar
um dia o pano se abrirá.

Realmente.

quinta-feira, julho 07, 2011

Mais um dia "in"diferente de mim.


 
Estação do Oriente? 
Num dia frio, avanço com calma e trepidante.
Sol clemente, sempre com pressa de ir a poente, 
buscar o mistério de um outro lado de uma bola veemente em amores
…dissabores…
conveniências…
ardências…
rancores…
complacências.
19:30…Tons de verde alface ardente 
como se o sol tivesse sido quente, 
que fizesse brotar cor a partir de si…
findo com enlace em dois lugares no comboio… se começasse.
Nas esquinas, uma pessoa em cada par de cadeiras…
umas feias outras não, embora digam que em Portugal, bonitos, não faltarão!
Olho novamente. Penso.

E se toda a gente de repente, saísse do seu largo lugar 
e ocupasse as cadeiras vagas, mesmo que ao lado não estivesse o seu par?
E se houvessem professores no comboio? 
Sentar-se-iam, a jeito de quem recomenda, 
ordeiramente, em lugares com ocupação lateral?
 Sem mal, não esquecendo assim a sua moral.

Esqueço.

Estará a minha colega em casa a olhar a parede Azul 
cor de vómito alcoólico…
mal pintada…no meu quarto, 
com roupa espalhada, 
desdenhando, como quem não quisesse nada? 
A Fumar. Num dia para si assim bucólico.

Ao meu lado, “sui generis”, 
vestida com cores tiradas de um quadro de Matisse, 
com expressão surreal de um quadro de Chirico. 
E eu. 
Como saída de um quadro matérico. Ossos, carne e nada.

19:45. Dá-me um sorriso. 
Nome? Amélie. 
Insegura mas compenetrada em si, 
relembra a sua infância com as cores da sua roupa, 
num visível passado de insegurança mas de lembrança cor-de- rosa…
E foi assim, que reencontrei o cuidar de mim. E dela?...que nem a boca abri! …Quem cuidará?


quarta-feira, julho 06, 2011

Noite "D"


Ao lado de um aconchegante candeeiro,
não sendo ele motivo de clareza de ideias,
mas antes de vadios pensamentos,
quero contar uma história.
É sempre assim.
A lua lá fora forma "D" de dado,
e cresce em silêncio decrescente pela noite fora,
até que corpos se separem de suas alcovas,
e se ceguem por mais um dia igual
ao que lhe antece,
acabando em precedência,
e irritante redundância.
O nosso "D" rasgado no céu,
que para nós,
por causa da maldita rotina, é bidimensional...
faz-me sonhar acordada.
A sua beleza, amarelada,
e de sorriso amestrado que lhe advém da calmia,
faz-me lançar os Dados quando durmo...e fora do sono.
Avaliação estratégica? Não.
Erro de pensar quando devia apenas sentir.
Mas alguém pensa quando dorme...ou sonha?
Mesmo acordado... não.
Talvez apenas se ame... Viver.
Inocente sonhar?
Inocente é viver a medo, de se pisar um chão e cair.





"D" Night



Next to a warm lamp,
the lamp not exactly reason for clarity of thought,
but stray ideas, instead,
I would like to tell a story.
It’s always like this.
The moon, outside, shaped like a “D” as in dice,
growing in receding silence all through the night,
until bodies grow apart from their beds,
and blind themselves for yet another day
exactly like the one before it,
ending in anteriority
and annoying redundancy.
Our “D” torn up in the sky,
that, for us,
due to this forsaken routine, it’s bi-dimensional…
makes me daydream.
It’s beauty, of a yellow color
and tame smile, which comes from its quietness,
makes me roll the dice when I sleep… outside the sleep.
Strategic evaluation? No.
A mistake; thinking when I should only feel.
Does anyone think when they sleep… or dream?
Not even awake.
Perhaps we simply love… to live.
Is it ingenuous to dream?
What’s ingenuous is living in fear of stepping the ground and falling.