sábado, agosto 11, 2007

Escrevo-te daqui, desta confusão profunda que me ata à inércia.
Procuro-te por todo o lado, por todos os recantos de mim, e quando acho um rasto que me sobrou de ti, algo bate à porta, e eu, na minha condescendência incondicional, permito a entrada. Não porque ache que entrará pelo meu quarto algo que me salve do caos, não.
Simplesmente não me respeito o suficiente para barrar a entrada às más energias, e mesmo tendo todas as provas de que estas não me atacam em razão, ponho-me em causa, face a toda uma estrutura firme que me sustentou até à lavagem da memória imediata que me defendia, com um escudo duro de sensações. E que tem tudo para me defender ainda hoje, contra as pequenas pedras em que tropeço. Não a acredito, não sei porquê.
Será que é porque acredito firmemente que para tudo o que é certo o contrario é igualmente válido? Ou será simples falta de amor próprio?
Esqueci-me de mim, daquilo que me liga à validez, e quando uma pedra surge ajo como se o caderno em que se apontou tudo estivesse em branco. No fundo sei que não está assim, mas abrir o cadeado é trabalhoso demais para o estado amorfo em que me encontro. Reviver. Procurar as situações que me animaram um dia a lutar, e relembrar em fim que tudo que tenho vivido depois disso é pequeno demais para que sofra.
Há uma química irritante entre o meu passado e o meu presente. Agem como água e azeite, e o que me desespera é que não tenho tido solução à altura do problema.
No dia em que descobrir a maneira de fundir os dois respeitar-me-ei em força. E não, não basta só conhecer isto em conceito, tenho de achar a sensação que nascerá, enfim, desta fusão. Qual será o caminho?
Detesto-me.

2 comentários:

Anónimo disse...

olá

venha participar em www.luso-poemas.net

:) abraço

Anónimo disse...

Cada pessoa tem em si um mundo de carácter por descobrir. Feliz aquele que age como Colombo na descoberta da sua própria alma.