domingo, janeiro 21, 2007

Renascimento
Renascimento foi o nome utilizado pelos historiadores do século XIX para designar uma evolução mais segura e firme das mentalidades e da cultura europeias, ocorridas no período histórico compreendido entre os inícios do século XV e finais do século XVI.
As origens do Renascimento são bem definidas, e os factos claros. Graças a investigações recentes, ficámos a conhecer melhor as circunstâncias especiais que ajudam a explicar a génese do novo estilo, precisamente em Florença e no início do século XV e não noutro lugar ou noutra época qualquer.
Por volta de 1400, o Estado florentino enfrentava uma séria ameaça à sua independência.
O poderoso Duque de Milão tentava dominar toda a Itália e já tinha subjugado as planícies da Lombardia e a maior parte das cidades-estado da zona central. Florença constituía o único obstáculo sério à sua ambição: a cidade opôs-lhe uma rigorosa e bem sucedida resistência em três frentes, militar, diplomática e intelectual. Se o Duque aliciara eloquentes partidários, como o novo César que trazia ordem e paz aos italianos, Florença, por seu lado, conseguiu ter por si a opinião pública, ao proclamar-se defensora da liberdade contra a tirania sem freios.
Leonardo Bruni, falando como cidadão de uma República livre, pergunta por que razão, de todos os estados da Itália, só Florença fora capaz de desafiar o poder superior de Milão, e encontra a resposta nos méritos das instituições, nas realizações culturais, na situação geográfica, no espírito do povo e até nas raízes Etruscas da sua Pátria.
As artes plásticas foram tidas por essenciais para o ressurgimento da alma florentina. Na Antiguidade e na Idade Média tinham sido irmanadas aos ofícios artesanais ou “artes mecânicas”. Ora não foi por acaso que a primeira declaração explícita a reclamar para elas a honra de serem incluídas entre as “Artes Liberais” se deveu ao cronista florentino Filipo Vilani, c.1400. Um século mais tarde, já esta promoção dos artistas se tornara corrente em toda a Europa Ocidental.
Que importância tinha esta valorização social?
Desde Platão, as artes liberais compreendiam tradicionalmente as disciplinas julgadas necessárias à educação do homem culto, como a Matemática ( incluindo a teoria da Música) a Dialéctica, a Gramática, a Retórica e a Filosofia: as Belas Artes ficavam excluídas do grupo porque eram “trabalho manual”, a que faltava uma base teórica. Mas desde que o artista passou a ser considerado digno de entrar para esse escol intelectual, torna-se necessário redefinir a natureza do seu trabalho. Então reconheceram-lhe a categoria de homem de ideias, acima do simples artífice manipulador de materiais; as obras de arte, encaradas como expressão visível do seu espírito criador, deixam de ser julgadas pelos padrões rígidos do Artesanato.
Em breve, tudo o que saísse das mãos de um grande mestre seria avidamente coleccionado. E, a par, modificaram-se as perspectivas intelectuais do Artista: no convívio com poetas e letrados pode ganhar saber e cultura literária, torna-se capaz de escrever poemas, auto-biografias, tratados teóricos. Entre os artistas que alcançaram uma posição social de relevo, afirmaram-se em especial dois tipos contrastantes de personalidade: a do homem do mundo, senhor de si, cortês, à vontade no ambiente aristocrático, e a do génio solitário, reservado, excêntrico, dado a crises de humor melancólico e a conflitos repetidos com os seus patronos. Caso notável este de se ter implantado com tanta rapidez um conceito tão moderno da Arte e dos Artistas na Florença da primeira fase do Renascimento, ou Proto-Renascimento.
Tendo em conta que este estilo nasceu de uma viragem sem sombras para ocultar a liberdade dos Homens da época é pertinente chamá-lo de “O Renascimento”, pois foi uma mudança decisiva ainda que não de cento e oitenta graus, pois existiram “Renascimentos”, seja, viragens, transformações, em épocas anteriores, que contribuíram irrefutavelmente para este ponto culminante, como na Idade Média. Aí, a partir do Ano Mil, em que um conjunto de circunstância favoráveis permitiu a inversão do quadro negativo. O súbito regresso à paz permitiu um ambiente social de maior estabilidade e segurança, na qual surgiram os Burgos - as cidades medievais – eram já símbolos do renascer da Europa, abrindo as feiras e mercados mais prósperos e , à sombra das suas igrejas episcopais, as Colegiadas e Universidades de maior renome por onde passou toda a renovação cultural que proporcionou o Renascimento da Idade Moderna.
Outro renascer que se deu ainda na Idade Média for no século XII, que teve como berço a Ilê de France, coração do reino de França, e remata o lento crescimento económico e o tímido renascimento cultural e artístico da época românica, o aparecimento e posterior desenvolvimento da arte gótica estiveram indissoluvelmente ligados aos maior dinamismo conjuntural dos finais da idade Média, período apelidado por alguns como o da “bela Idade Média”.
Podemos então concluir que este renascer de mentalidade, não é repentino, naturalmente, mas antes, o «Colher da Flor», que se vinha formando época após época.

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