terça-feira, agosto 28, 2007

Em vez de começar com o fatigante “sinto-me perdida”, digo, que estou cansada da procura de mim mesma.
Desconfio que a meta esteja mesmo muito perto de mim, e eu em vez de ir decididamente ao seu encontro deixo-me perder num emaranhado de sensações e sugestões que me afogam num certo prazer pela incerteza, numa confusão de belas flores que me rasgam a pele com os seus espinhos.
Tenho os nervos à flor da pele, de tal forma que me cai o cabelo incessantemente. Raras vezes estou saudável de modo a que este se afigure firme e minimamente vivo. Contraio em mim sempre um formigueiro no tronco que me consome o cerne da concentração, da motivação, do vigor, e da possível e consequente alegria.

sábado, agosto 25, 2007

Uma vez a visitar o 1/3 da colecção Berardo.




Muita coisa lá estava, entre aulas de arte para miudos, o que me fascinou; mas o que mais mexeu comigo foi esta escultura que mesmo ao perto, tinhamos de observar exaustivamente para conseguir discernir que não era real. Na foto quase parece uma esculta (e é) mas lá pareciam duas pessoas, não só pelo realismo de conjunto, mas também pelos pormenores impressionantes. Quando dei de caras com isto estremeci por completo, e não pela surpresa, mas pelo fascinio de confirmar, mais uma vez, que um momento deste genero é mágico que baste para se considerar arte. Só por si. Sem necessitar de habilidades especiais.

quinta-feira, agosto 23, 2007


"Cova das Maravilhas"
Há um pouco mais de um ano atrás prometi fotos de um lugar que um dia considerei mágico. Não que seja impressionante só por si, não; terá de se ter em conta que desabrochou naturalmente, como uma lágrima que lava um emaranhado de tristeza da nossa face, quando estamos perdidos num deserto. Acontece connosco, com a nossa fisiologia, mas também com a natureza, ou não fosse nascer este pequeno canto do céu no meio de um pinhal, que aparentemente é sempre igual.












sábado, agosto 11, 2007

Escrevo-te daqui, desta confusão profunda que me ata à inércia.
Procuro-te por todo o lado, por todos os recantos de mim, e quando acho um rasto que me sobrou de ti, algo bate à porta, e eu, na minha condescendência incondicional, permito a entrada. Não porque ache que entrará pelo meu quarto algo que me salve do caos, não.
Simplesmente não me respeito o suficiente para barrar a entrada às más energias, e mesmo tendo todas as provas de que estas não me atacam em razão, ponho-me em causa, face a toda uma estrutura firme que me sustentou até à lavagem da memória imediata que me defendia, com um escudo duro de sensações. E que tem tudo para me defender ainda hoje, contra as pequenas pedras em que tropeço. Não a acredito, não sei porquê.
Será que é porque acredito firmemente que para tudo o que é certo o contrario é igualmente válido? Ou será simples falta de amor próprio?
Esqueci-me de mim, daquilo que me liga à validez, e quando uma pedra surge ajo como se o caderno em que se apontou tudo estivesse em branco. No fundo sei que não está assim, mas abrir o cadeado é trabalhoso demais para o estado amorfo em que me encontro. Reviver. Procurar as situações que me animaram um dia a lutar, e relembrar em fim que tudo que tenho vivido depois disso é pequeno demais para que sofra.
Há uma química irritante entre o meu passado e o meu presente. Agem como água e azeite, e o que me desespera é que não tenho tido solução à altura do problema.
No dia em que descobrir a maneira de fundir os dois respeitar-me-ei em força. E não, não basta só conhecer isto em conceito, tenho de achar a sensação que nascerá, enfim, desta fusão. Qual será o caminho?
Detesto-me.