17/11/2006
. Bau
Dia de Seminário. Tudo me indica que não seria a melhor altura para me debruçar numa recordação, que embora não exista só nessa forma, já se afigura algo distante, e dado o calendário, descontextualizada, mas esquecendo um pouco isso fica o vazio deixado por algo que perdeu a definição com o tempo, e que por isso às vezes me esqueço de o relembrar como motivo.
Hoje pendurado no meu quadro de lembranças, ou de anti- esquecimento, sem precisar de lá estar, está o meu mais próximo cão Bau que a doença e o meu descuido levaram, e não a sua idade.
Quadrúpede de presença humana... relembro com paixão episódios menos caninos deste companheiro, que tanto fazem jus ao meu respeito e adoração por este cão.
Epanheul Breton por mero acaso…sem muita justiça, e com malandrice, pedi ao meu avô para olhar por ele, enquanto permanecessem fora, tomando-o em definitivo para mim, e então, julgando este ser de bom tom, tomou o meu modo de estar como seu, a jeito de agradecimento, sem muitas opções para o fazer, mal sabendo ser o melhor que me poderia dar.
Pois no seu modo calmo, passivo e conformista, tal como eu era, e julgo ainda ser, o Bau fugia à sua regra quando em época de namoro canino, trazia a sua conquista, ironicamente, e como eu própria observava quase sempre certa, para a porta de casa, defendendo-a dos outros já depostos conquistadores, persistentes porém, que teimavam em perseguir a menina.
Recordo com saudade a sua fidelidade e postura tão elegante, não que fosse obediência, pois era por instinto que o fazia, ao acompanhar-nos sem corrente para todo o lado, tal como um boomerang, e a sua por ventura indisciplina sempre, mas sempre justificada.
Sentado à porta do prédio da minha antiga casa, Bau dava azo à sua convicção de que toda aquela área circundante lhe pertencia, guardando-a incansavelmente, e quando considerava isto suficiente, batia à porta de casa mais espertinamente que uma criança em idade de descobrir os porquês.
De olhar meigo, pacífico, e assustadoramente consciente, que trazia implícita sabedoria, observava-nos do seu sofá sempre com carinho, passa-se-se o que se passa-se.
Deliciava-me olhá-lo, e encontrava nele o motivo de compaixão pelo que me rodeava, um pouco a jeito de quem vai à missa.
Encontrava nele um irmão, não só pela afeição a este que a minha mãe tinha, mas também, como já referi, por ser um meu reflexo.
Tudo submerge à última cena que com maior intensidade se impõe, talvez pela minha maneira pessimista, num fim de tarde de Maio, em 2003, entro em casa vinda da escola e encontro num sono profundo e rendido, mas pouco pacífico, este paradigma do amor e do admirável modo de estar em vida.
. Filhos do Bau (Março 2002)Hoje pendurado no meu quadro de lembranças, ou de anti- esquecimento, sem precisar de lá estar, está o meu mais próximo cão Bau que a doença e o meu descuido levaram, e não a sua idade.
Quadrúpede de presença humana... relembro com paixão episódios menos caninos deste companheiro, que tanto fazem jus ao meu respeito e adoração por este cão.
Epanheul Breton por mero acaso…sem muita justiça, e com malandrice, pedi ao meu avô para olhar por ele, enquanto permanecessem fora, tomando-o em definitivo para mim, e então, julgando este ser de bom tom, tomou o meu modo de estar como seu, a jeito de agradecimento, sem muitas opções para o fazer, mal sabendo ser o melhor que me poderia dar.
Pois no seu modo calmo, passivo e conformista, tal como eu era, e julgo ainda ser, o Bau fugia à sua regra quando em época de namoro canino, trazia a sua conquista, ironicamente, e como eu própria observava quase sempre certa, para a porta de casa, defendendo-a dos outros já depostos conquistadores, persistentes porém, que teimavam em perseguir a menina.
Recordo com saudade a sua fidelidade e postura tão elegante, não que fosse obediência, pois era por instinto que o fazia, ao acompanhar-nos sem corrente para todo o lado, tal como um boomerang, e a sua por ventura indisciplina sempre, mas sempre justificada.
Sentado à porta do prédio da minha antiga casa, Bau dava azo à sua convicção de que toda aquela área circundante lhe pertencia, guardando-a incansavelmente, e quando considerava isto suficiente, batia à porta de casa mais espertinamente que uma criança em idade de descobrir os porquês.
De olhar meigo, pacífico, e assustadoramente consciente, que trazia implícita sabedoria, observava-nos do seu sofá sempre com carinho, passa-se-se o que se passa-se.
Deliciava-me olhá-lo, e encontrava nele o motivo de compaixão pelo que me rodeava, um pouco a jeito de quem vai à missa.
Encontrava nele um irmão, não só pela afeição a este que a minha mãe tinha, mas também, como já referi, por ser um meu reflexo.
Tudo submerge à última cena que com maior intensidade se impõe, talvez pela minha maneira pessimista, num fim de tarde de Maio, em 2003, entro em casa vinda da escola e encontro num sono profundo e rendido, mas pouco pacífico, este paradigma do amor e do admirável modo de estar em vida.
. Recente ninhada de netos
6 comentários:
mais uma vez impelido,
só posso citar a seguinte frase de alguém que não sei quem:
"quanto mais conheço as pessoas,
mais gosto dos animais!"
mas vá lá que ainda há quem escape.
os mais sinceros cumprimentos!
Que bonito!
Quase não conseguia ler o tua tão real e verdadeira lembrança do nosso querido Bau, pois as lágrimas
por várias vezes mo impediram. O teu texto põe em evidência que a ausência diminui as paixões medíocres e aumenta as grandes, e sem dúvida que o nosso Bau foi e sempre será uma grande paixão nas nossas vidas.
Li e gostei muito do livro do Manuel Alegre.
Felizmente tens a sorte de ter a vida e companhia da herança de bau.
Cumps
A aquisição de um amigo leal e constante não é difícil, quando o buscamos na raça animal dos cães.
Gostei do nome Bau :D
e gostei muitos dos caezinhos...jeje
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