Conceito de Monumento
A origem da palavra “monumento” vem do verbo latino monere, que significa tanto “fazer recordar” como também “instruir”.
Este significado remete-nos para a importância do monumento enquanto memória do significado de um determinado conjunto de indivíduos, no que toca à evolução histórica, pois como herança colectiva tem um duplo valor e um significado especial, já que nos permite situar no nosso tempo, estabelecendo uma relação de continuidade entre o nosso passado e o nosso presente.
Perante esta herança Patrimonial, a comunidade tem a responsabilidade de a preservar, utilizar e valorizar. Por isso é necessário conhecê-la em profundidade para podermos intervir e usufruí-la da melhor maneira, de modo a transmiti-la ainda mais qualificada e enriquecida às gerações vindouras. Cada geração se confronta com o Património do passado perante o qual tem responsabilidades de preservação, ao mesmo tempo que realiza a sua própria produção contemporânea, que virá também a constituir o Património do Futuro.
O Património assume diversas formas de acordo com as várias manifestações culturais e o programa material e estético de cada um dos campos de realização e intervenção, da Arquitectura aos objectos, passado pela produção teórica, existe um vasto leque de bens monumentais que assumem identidades próprias e devem ser estudadas à luz dessa especificidade e lidos com base nos conceitos a partir dos quais se materializaram.
Por natureza específica, toda a obra de arte é um testemunho histórico, pois como produto da época que a fez nascer, ela traz toda a informação técnica, material e formal dessa mesma época. Ela é também um reflexo da mentalidade e das potencialidades da sociedade que a produziu, ou em cujo contexto ela foi criada.
O suporte físico e o tipo de produtos ou materiais usados numa obra de arte são dados referenciais de um determinado tempo histórico. Por exemplo ao analisar uma pintura rupestre do início do Paleolítico (fig.1), o desenho das figuras é espesso e modelado e as formas aproveitam as saliências das rochas, enquanto que no final do Madalenense aparecem figuras que utilizam o vermelhão, os tons violáceos, os alaranjados e o bistre, que serve para cercar as figuras (fig.2), assim como ao analisar a escultura egípcia do Império Antigo observamos uma representação realista e pormenorizada da cabeça, e o corpo mais negligenciado (fig.3), sendo que na época ptolomaica a escultura é um compromisso entre a arte grega e a egípcia e não mais aparecerá o vigor, a força e o poder da arte do Império Antigo (fig.4). A análise de elementos físicos e materiais pode dar-nos informações históricas preciosas, e leva-nos quase sempre à datação aproximada ou precisa de uma determinada obra de arte comportando-se esta como documento e consequentemente monumento.
Também um monumento histórico é um monumento artístico, já que a arte é uma condição de humanidade, pois está inerente à actividade humana.
Em oposição aos primórdios da valorização do monumento, em que vigorava um ideal artístico absolutamente objectivo, no século XIX emancipam-se todos os períodos artísticos e abandona-se o tal ideal artístico objectivo, dando-se lugar no século XX a uma análise da arte sobre o seu próprio universo, interrogando-se a si própria, o seu valor e significado. Assim o ideal de perfeição é posto em causa e os meios técnicos tanto podem contribuir para atingir um determinado conceito de beleza como para a questionar.
Num panorama tão vasto e diverso como o da nossa contemporaneidade, a delimitação do campo da obra de arte e do fenómeno artístico é cada vez mais imprecisa sendo o valor monumental cada vez mais alargado, e tendo em conta que toda a realização humana pertinente dentro de determinado objectivo é arte, o valor de monumento, alarga-se a praticamente todas as coisas derivadas do Homem, assim como o conceito de arte, fundindo-se os dois conceitos num só.
Este conceito mede-se muitas vezes, dentro da esfera pessoal, pela proximidade ou semelhança com valores vigentes, pelo facto da compreensão ser imediata, residindo tal comodismo num défice de educação para o culto do monumento enquanto valor necessário a um presente justificado.
Dado isto, não poderá existir um valor artístico (e monumental) eterno, já que assistimos a uma constante mudança de valores, mas apenas relativo, sendo este não um valor rememorativo, mas um valor de pertinência dado a aceitação de determinada contemporaneidade.
Dentro dos valores documentais do monumento posso concluir que apenas existirão monumentos “não intencionados”, já que mesmo algo construído com a intenção de afirmar valores numa determinada época, não o foi com o objectivo de ser relembrada num futuro a longo prazo, tal como as Pirâmides do Egipto (fig.5), embora estas tivessem como alvo a memória da gerações vindouras, apenas num futuro próximo e previsível. Ou como o Pártenon (fig.6), em que o objectivo era uma monumentalidade e culto no seu tempo, embora tenha conservado valores e significado até hoje, ainda que em moldes distintos - o de documento, sendo monumental ao instruir-nos sobre o passado, mas não sobre os valores intrínsecos da obra querendo-os residentes num dia a dia de hoje.
O monumento possui também o Valor de Antiguidade, que se liga à necessidade do Homem encontrar as suas origens, o que lhe confere a tranquilidade necessária à sua saudável permanência num presente, vinda de uma consciência de identidade bem identificada, portanto real e firme, conferindo-lhe, face a qualquer dúvida existencial ou falha, a certeza de uma pertinência passada, e talvez passível de se recuperar.
Este significado remete-nos para a importância do monumento enquanto memória do significado de um determinado conjunto de indivíduos, no que toca à evolução histórica, pois como herança colectiva tem um duplo valor e um significado especial, já que nos permite situar no nosso tempo, estabelecendo uma relação de continuidade entre o nosso passado e o nosso presente.
Perante esta herança Patrimonial, a comunidade tem a responsabilidade de a preservar, utilizar e valorizar. Por isso é necessário conhecê-la em profundidade para podermos intervir e usufruí-la da melhor maneira, de modo a transmiti-la ainda mais qualificada e enriquecida às gerações vindouras. Cada geração se confronta com o Património do passado perante o qual tem responsabilidades de preservação, ao mesmo tempo que realiza a sua própria produção contemporânea, que virá também a constituir o Património do Futuro.
O Património assume diversas formas de acordo com as várias manifestações culturais e o programa material e estético de cada um dos campos de realização e intervenção, da Arquitectura aos objectos, passado pela produção teórica, existe um vasto leque de bens monumentais que assumem identidades próprias e devem ser estudadas à luz dessa especificidade e lidos com base nos conceitos a partir dos quais se materializaram.
Por natureza específica, toda a obra de arte é um testemunho histórico, pois como produto da época que a fez nascer, ela traz toda a informação técnica, material e formal dessa mesma época. Ela é também um reflexo da mentalidade e das potencialidades da sociedade que a produziu, ou em cujo contexto ela foi criada.
O suporte físico e o tipo de produtos ou materiais usados numa obra de arte são dados referenciais de um determinado tempo histórico. Por exemplo ao analisar uma pintura rupestre do início do Paleolítico (fig.1), o desenho das figuras é espesso e modelado e as formas aproveitam as saliências das rochas, enquanto que no final do Madalenense aparecem figuras que utilizam o vermelhão, os tons violáceos, os alaranjados e o bistre, que serve para cercar as figuras (fig.2), assim como ao analisar a escultura egípcia do Império Antigo observamos uma representação realista e pormenorizada da cabeça, e o corpo mais negligenciado (fig.3), sendo que na época ptolomaica a escultura é um compromisso entre a arte grega e a egípcia e não mais aparecerá o vigor, a força e o poder da arte do Império Antigo (fig.4). A análise de elementos físicos e materiais pode dar-nos informações históricas preciosas, e leva-nos quase sempre à datação aproximada ou precisa de uma determinada obra de arte comportando-se esta como documento e consequentemente monumento.
Também um monumento histórico é um monumento artístico, já que a arte é uma condição de humanidade, pois está inerente à actividade humana.
Em oposição aos primórdios da valorização do monumento, em que vigorava um ideal artístico absolutamente objectivo, no século XIX emancipam-se todos os períodos artísticos e abandona-se o tal ideal artístico objectivo, dando-se lugar no século XX a uma análise da arte sobre o seu próprio universo, interrogando-se a si própria, o seu valor e significado. Assim o ideal de perfeição é posto em causa e os meios técnicos tanto podem contribuir para atingir um determinado conceito de beleza como para a questionar.
Num panorama tão vasto e diverso como o da nossa contemporaneidade, a delimitação do campo da obra de arte e do fenómeno artístico é cada vez mais imprecisa sendo o valor monumental cada vez mais alargado, e tendo em conta que toda a realização humana pertinente dentro de determinado objectivo é arte, o valor de monumento, alarga-se a praticamente todas as coisas derivadas do Homem, assim como o conceito de arte, fundindo-se os dois conceitos num só.
Este conceito mede-se muitas vezes, dentro da esfera pessoal, pela proximidade ou semelhança com valores vigentes, pelo facto da compreensão ser imediata, residindo tal comodismo num défice de educação para o culto do monumento enquanto valor necessário a um presente justificado.
Dado isto, não poderá existir um valor artístico (e monumental) eterno, já que assistimos a uma constante mudança de valores, mas apenas relativo, sendo este não um valor rememorativo, mas um valor de pertinência dado a aceitação de determinada contemporaneidade.
Dentro dos valores documentais do monumento posso concluir que apenas existirão monumentos “não intencionados”, já que mesmo algo construído com a intenção de afirmar valores numa determinada época, não o foi com o objectivo de ser relembrada num futuro a longo prazo, tal como as Pirâmides do Egipto (fig.5), embora estas tivessem como alvo a memória da gerações vindouras, apenas num futuro próximo e previsível. Ou como o Pártenon (fig.6), em que o objectivo era uma monumentalidade e culto no seu tempo, embora tenha conservado valores e significado até hoje, ainda que em moldes distintos - o de documento, sendo monumental ao instruir-nos sobre o passado, mas não sobre os valores intrínsecos da obra querendo-os residentes num dia a dia de hoje.
O monumento possui também o Valor de Antiguidade, que se liga à necessidade do Homem encontrar as suas origens, o que lhe confere a tranquilidade necessária à sua saudável permanência num presente, vinda de uma consciência de identidade bem identificada, portanto real e firme, conferindo-lhe, face a qualquer dúvida existencial ou falha, a certeza de uma pertinência passada, e talvez passível de se recuperar.
2 comentários:
Gostei.
Belo post!
Gostei especialmente do último parágrafo.
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