"Transformação ou permanência na Arquitectura"
Hoje já não é a primeira, nem será a última vez que esta questão se interpõe entre mim e a realização de um projecto.
Ao fazer-se ou falar-se de uma realização projectual vêm atrás na maioria das vezes argumentos (numa repetição que considero abusiva), como "respeito pela lógica formal do lugar", "respeito pelo traçado Arquitectónico" e "conservação dos elementos históricos", muitas vezes para esconder falta de ideias e pretextos, e raramente, a meu ver, com genuínas intenções.
Já alguma vez se perguntaram porque não se vestem todos da mesma cor? Concerteza que confirmam que o contraste de cores é mais apelativo que a mesma cor espalhada por todo o corpo!
Ora na arquitectura como em todas as modalidades ditas artísticas, passa-se o mesmo, pois no contraste é que reside a emoção, e a Arte para mim, não é mais que uma interjeição perante algo que concretiza o indizível, e pela qual exclamamos...é o resultado da emoção, dando-lhe nome.
Ora da monotonia surgem exclamações? Emoções? Atrai? Por vezes até se torna extremamente inquietante, pois o Homem é um ser inerentemente activo.
Quando se fala de respeito aos valores históricos do local, esquecemo-nos que a história tende para o infinito, e qua não faz sentido estar-mos no século XXII a pressionar-mos interruptures que têm uma altura maior que a nossa, ou pior, numa sociedade cada vez mais idosa, subir escadas para um terceiro andar, tudo pela bem dita reabilitação, movida pela conservação dos antigos valores estéticos (será que o eram? ou apenas funcionais e subservientes?), perdendo-se aqui o significado de Arquitectura, que além de objecto de fruição é também, e essencialmente, um obejcto utilitário, funcional.
Já se perguntaram porque é que o IPPAR só protege zonas justapostas a lugares históricos por excelência, mesmo que a cidade contenha uma unidade formal?
No centro nasce a história...O resto é subserviencia!
Esta subserviencia não existia até aos tempos de hoje (quando se pede cada vez mais capacidade criativa...ironicamente), existia adpatação às necessidades e aos valores em constante evolução do homem, que hoje só são acompanhados na periferia das cidades, criando objectos inertes numa zona hipotéticamente central e histórica, que não fazem qualuqer sentido no contexto de um urbanismo que se quer hoje cada vez mais funcional e pragmático.
Basta visitar-mos Óbidos que à rebelia da beleza da zona histórica as pessoas preferem morar, consoante a satisfação de novas necessidades, na periferia. Isto repete-se.
E não chame-mos Arte a algo na grande parte das vezes inerte, pois Arte em Arquitectura é a inseparável relação forma/função.