Hoje não tenho imagem. A única imagem que me invade e consome é a do passado, da qual restou apenas a sombra numa penumbra que ainda subsiste. E dessa época não possuo nenhuma foto nítida, apenas o rasto em areia pisado pelo dinaussauro que me habita agora, e que me lembra estar no príncipio dos meus tempos. Regredi.
Sinto-me arcaica em tudo que me projecto, me proponho ultrapassar, como se tivesse ancorada em alto mar ignorando que este se encontra bravo, e eu teimo em não avançar.
Dançar. Talvez me faça escapar ao fantasma do presente que me retrocede, pois o estado físico é indissociável do estado psíquico. E lamentar que somos aquilo que comemos e fazemos não me leva a lado algum. Resta-me alegrar pelo importante facto de me cheirar a lugar de dança pelas redondezas. A vocês...prometo animar.
5 comentários:
Precioso na erudição da escrita e precioso na expressão dos sentimentos,...é universal!
Faz lembrar o desasossego de Pessoa em que a humanidade se revê,.. quando se revê.
Uma história triste para o actor,...um veículo de resignação conforto e fé para o espectador!
Deus,não O imaginamos! E Cristo (Seu Filho) sem sofrimento também não !
Gostei da imagem de estares ancorada em alto mar ignorando que este se encontra bravo, e teimares em não avançar. Meu Deus, quanta força, quanta preserverança são necessárias para conseguir tal feito, ignorar o mar quando este está revolto...ainda que ancorada!!!
A mim, pobre de mim, apenas me ocorre a imagem de estar sentada numa estação de caminho de ferro à espera de uma carruagem que teima em não passar, dia após dia, sem ancoras, mas com amarras, grilhetas colocadas uma a uma, por mim,nos sítios exactos onde se encontram. Que inveja que sinto de quem ainda consegue ter força animica para quebra ondas. E depois, ainda por cima...dançar.
Parabéns, gostei.
Desculpem mas eu acho que vocês são todos mas é uns calões e que se põem a divagar sobre não sei o que bah
Calão és tu pá, que até tens perguiça de ler nas enterlinhas.
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