sexta-feira, outubro 15, 2010

Depressão pelo lado de fora

Nas esquinas do meu quarto
Nas paredes, nas fotografias nelas coladas
Na Mona Lisa despida à porta
Na televisão apagada
Na vela gasta, na electricidade cortada
Neste recanto do quarto onde me deito
Onde sempre quis ter gente sentada
Distraída.
Estou eu aqui denunciando a inércia de mais um dia de depressão, olhando a gaveta onde estão as cápsulas do país das maravilhas, em que acabo sempre descaída

Em passos vagarosos como a pressa que tenho por ti
Dirijo-me à cozinha onde no frigorífico
desligado sobra fruta que no dia anterior surti
já quente, comida num dia demente de chuva
sem raios de luz veemente
depressa este se põe, pois nele fingi que vivia,
de sorriso apagado
mas de coração apaziguado
merecido descanso soterrado
nas ausências dos nadas a que me habituei
E na humidade nocturna, namoro o escuro,
onde no íntimo, sempre vagueei
Devido a uma conta por pagar
Adormecendo pobre mas segura
que quando tudo está contra vontade
é porque anteriormente a consumimos,
mal ou bem,
Em Liberdade.

1 comentário:

PédeVento disse...

Como é bom ler-te! Como é bom ver a vida e o passado, como uma constante aprendizagem. Como é bom libertarmo-nos dos maus momentos e agarrarmos a luz que ao nosso encontro vem. Assim o Futuro é sempre em direcção à Liberdade…