quinta-feira, maio 01, 2008

A falar de Miguel...

Porque me levanto sempre tarde?
Porque tenho falta de brio ou vaidade.
Há tempos um amigo meu comentava comigo uma passagem de livro que estava a ler: “Por terras de Portugal e Espanha” de Miguel Unamuno, o que o intrigava então? Porque dizia Miguel que os Catalães tinham erguido com brilho a sua região, tudo à conta da sua vaidade? Por não caírem no seu goto?
Invadiu-me naquele instante que o real motivo que nos leva a bulir é, na maior parte, a necessidade de afirmação perante os outros, e não perante si mesmos. Esta atitude tem ligações intimas com a vaidade, pois na maior parte das vezes essas glórias só existem nos fantasmas da aparência e da língua. Então, feliz daquelas vezes que resulta em algo bom!
Que tem de mal ou de bom, então Miguel Unamuno adjectivar como vaidade a força motriz dos Catalães?
É um sentir que vive em todos nós. Não é uma crítica nem construtiva o que Miguel faz…apenas diz uma verdade, que além de muito humana e habitual, é algo que embora mal visto, perdoável pelo que tem de inato, e que nos põe a lutar por nós e pelo que nos rodeia, ainda que de forma indirecta.
O que poderá haver em Miguel Unamuno, é o sonho, ainda utópico, de que o ser humano um dia se mova por intenções nobres, e não necessite de evidenciar o ego.
Mas a verdade, que eu conheço, e mais ainda Miguel, é que estamos ligados umbilicalmente ao instinto, feliz ou ainda mais: infelizmente.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora aí está!
Um belissímo exercício.Nada fácil.

Do umbigo para o mundo, e do mundo para o umbigo,...como abdominais, de grande musculatura.

Anónimo disse...

Adorei o teu poste...Em especial a forma simples, lúcida e correcta com que analisas alguns dos teus pensamentos. Pois é, esta vida é um teatro, todos queremos representar nele o melhor papel, ou ao menos um papel importante, ou em bem, ou em mal, não interessa a origem...Mas de uma forma consciênte todos deveriamos entender que o nosso "papel" perante a vida, à medida que os anos passam, deveria abraçar cada vez mais a "verdade", pois como disse um dia, e mais uma vez Miguel Unamuno "Somos mais pais do nosso futuro do que filhos do nosso passado".