A falar de Miguel...Porque me levanto sempre tarde?
Porque tenho falta de brio ou vaidade.
Há tempos um amigo meu comentava comigo uma passagem de livro que estava a ler: “Por terras de Portugal e Espanha” de Miguel Unamuno, o que o intrigava então? Porque dizia Miguel que os Catalães tinham erguido com brilho a sua região, tudo à conta da sua vaidade? Por não caírem no seu goto?
Invadiu-me naquele instante que o real motivo que nos leva a bulir é, na maior parte, a necessidade de afirmação perante os outros, e não perante si mesmos. Esta atitude tem ligações intimas com a vaidade, pois na maior parte das vezes essas glórias só existem nos fantasmas da aparência e da língua. Então, feliz daquelas vezes que resulta em algo bom!
Que tem de mal ou de bom, então Miguel Unamuno adjectivar como vaidade a força motriz dos Catalães?
É um sentir que vive em todos nós. Não é uma crítica nem construtiva o que Miguel faz…apenas diz uma verdade, que além de muito humana e habitual, é algo que embora mal visto, perdoável pelo que tem de inato, e que nos põe a lutar por nós e pelo que nos rodeia, ainda que de forma indirecta.
O que poderá haver em Miguel Unamuno, é o sonho, ainda utópico, de que o ser humano um dia se mova por intenções nobres, e não necessite de evidenciar o ego.
Mas a verdade, que eu conheço, e mais ainda Miguel, é que estamos ligados umbilicalmente ao instinto, feliz ou ainda mais: infelizmente.