domingo, abril 23, 2006


Prece de um amigo

Nada melhor para lavar a memória que o tempo. Uma vez fiz uma abordagem a alguém…esta foi o princípio da minha salvação, mas também o começo de uma passagem pelo Cabo das Tormentas. Identifico-me com o Mundo antes de 1415, em que se abriam olhos no escuro, e se via simplesmente o estritamente necessário a uma sobrevivência em paz. Nisto veio alguém e acendeu um fósforo…oh maldita arrogância que tentavas sobrepor a tua banal sabedoria a alguém que já tinha ultrapassado essa missa! Perdoem-me…sou vítima do pecado da existência e apenas mais uma testemunha de que é impossível para um homem aprender aquilo que acha que já sabe. Hoje já não tento apagar fósforos…que isso sirva para recuperar a minha auto-confiança existencial. Agora lamento estar num lugar luminoso, rodeada de gente, com quem me confundo e me perco em igualdade. Afinal o que é que lamento? Lamento a tremenda confusão para os sentidos, que de tão atordoados não encontram outro fósforo aceso, de que tanto necessito para fortalecer uma identidade para sempre incompleta. Confusão de um cheio Vazio. Não me sinto só, e é por isso, pela excessiva presença de um mundo que é igual a mim, que preciso de encontrar um espaço só meu, não físico, mas antes etéreo, que me faça ficar tão leve como um pássaro, pois as asas construirei eu… também sou vitima de um precisar de sentimento de mérito realmente merecido, porque deste “encontrar” também faz parte o bulir. O bulir na confusão só me tem levado a construir uma bola de neve, que transforma em avalanche, e me faz cair da cama acordando-me dos sonhos tão irreais como o descanso que me devia caber. Espero que seja o princípio do fim desta tempestade, pois pela leitura de um diário meu de 2003 feito a dois,revi-me e conclui que para bem dos meus pecados não regredi como julgara. Apenas, porque já era idade, o meu corpo fabricou uma consciência…que claro é crua, e por isso demasiado sensível, que pede o reviver da adolescência, e até da infância, pois uma vez os olhs na escuridão ora dormem ora vêm o que realmente tem importância: sobreviver. Por outro lado pergunto-me…para quê? Vivia num autêntico Matrix da ingenuidade. Que amanhã o Sol continue a existir. Nem isso é certo. Este sim é o problema essencial.

Um abraço a quem me ajudou a subir degraus.

1 comentário:

Anónimo disse...

Seja no que fôr, só se recebe na medida do que se dá !