terça-feira, abril 25, 2006



Astenia Social

É chegada a hora em que a balança pesa mais na alma do que sente o peso do nosso corpo.
É chegada a hora em que se experimenta os sintomas da depressão numa espécie de castigo de deus aos que gozam de pouca empatia. É isto a Astenia Primaveril em que o corpo não pesa na balança, mas pesa no passo. A Natureza castiga os que acreditam que apenas existe a primavera acrescentando-lhe sofrimento. Ora a Astenia no Verão é outra…Oh pertinência que te desconheço… e te ignoro.
Estava em 2003 e pensava em exibir os meus pelos das pernas como quem exibe um troféu, levar os meus ideais ainda tão pouco consistentes para a ribalta. Mas qual quê. Cair em insegurança e render-me à estética em voga é bem mais fácil. Assim como é fácil olhar de lado para alguém com o corpo ideal, e desejar ter o nosso igual! Mas porquê?
Quando tinha 12 anos comprei umas botas de cano alto de cunha… e cortei-a, porque o mundo de quem vive da industria do calçado não considerava a hipótese de haver quem não quisesse viver em bicos de pés.

O mundo emancipou a Mulher mas não emancipou a sua imagem.

Aos 12 anos não usava óculos de sol porque acreditava que se via uma imagem ilusória do dia. Hoje rendi-me. Como me rendi a tudo. Talvez a culpa seja dos óculos escuros.
Prometo ao meu ego que exibirei os meus kilos a mais com orgulho de quem não se rende a estereótipos sociais nem às futilidades a mais, pois a verdadeira imagem de alguém esta na energia que transmite, e dá.
Há quem diga que a imagem é um bom cartão de visita…só se for para esta ser recreio nas horas vagas ou para arranjar alguém que se sinta futilmente orgulhoso de nós.
Tenho a certeza que se canalizassem as energias para se fabricar uma máquina do tempo e voltassem ao Renascimento, o qual é recordado pelas madonas tão bem alimentadas que aparecem nos frescos de Miguel Ângelo, todos viveriam bem mais integrados. Entristece-me ver que houve uma regressão nos valores. Quem sabe se no século XII não tinham dificuldade em engordar? Bom, mas uma pessoa bem nutrida é sempre sinal de uma família abastada, e de um casamento pomissor…Dir-se-ia naquele tempo.
Talvez se comecem a lembrar que por trás de uma aparência esbelta estão muitas vezes problemas de espirito nervoso…mas o que interessa? Apalpar a estrutura óssea é algo excitante…embora nunca tenha visto considerar que uma vaca magra estava boa para ir para o prato. Gordura será formosura…que remédio

Um abraço a Fernando Botero...e a Paula Rego, pois deve-se tirar o Modelo pela maioria. Não farei o buço tão depressa.

domingo, abril 23, 2006


Prece de um amigo

Nada melhor para lavar a memória que o tempo. Uma vez fiz uma abordagem a alguém…esta foi o princípio da minha salvação, mas também o começo de uma passagem pelo Cabo das Tormentas. Identifico-me com o Mundo antes de 1415, em que se abriam olhos no escuro, e se via simplesmente o estritamente necessário a uma sobrevivência em paz. Nisto veio alguém e acendeu um fósforo…oh maldita arrogância que tentavas sobrepor a tua banal sabedoria a alguém que já tinha ultrapassado essa missa! Perdoem-me…sou vítima do pecado da existência e apenas mais uma testemunha de que é impossível para um homem aprender aquilo que acha que já sabe. Hoje já não tento apagar fósforos…que isso sirva para recuperar a minha auto-confiança existencial. Agora lamento estar num lugar luminoso, rodeada de gente, com quem me confundo e me perco em igualdade. Afinal o que é que lamento? Lamento a tremenda confusão para os sentidos, que de tão atordoados não encontram outro fósforo aceso, de que tanto necessito para fortalecer uma identidade para sempre incompleta. Confusão de um cheio Vazio. Não me sinto só, e é por isso, pela excessiva presença de um mundo que é igual a mim, que preciso de encontrar um espaço só meu, não físico, mas antes etéreo, que me faça ficar tão leve como um pássaro, pois as asas construirei eu… também sou vitima de um precisar de sentimento de mérito realmente merecido, porque deste “encontrar” também faz parte o bulir. O bulir na confusão só me tem levado a construir uma bola de neve, que transforma em avalanche, e me faz cair da cama acordando-me dos sonhos tão irreais como o descanso que me devia caber. Espero que seja o princípio do fim desta tempestade, pois pela leitura de um diário meu de 2003 feito a dois,revi-me e conclui que para bem dos meus pecados não regredi como julgara. Apenas, porque já era idade, o meu corpo fabricou uma consciência…que claro é crua, e por isso demasiado sensível, que pede o reviver da adolescência, e até da infância, pois uma vez os olhs na escuridão ora dormem ora vêm o que realmente tem importância: sobreviver. Por outro lado pergunto-me…para quê? Vivia num autêntico Matrix da ingenuidade. Que amanhã o Sol continue a existir. Nem isso é certo. Este sim é o problema essencial.

Um abraço a quem me ajudou a subir degraus.

domingo, abril 16, 2006


A vaca de fogo.

"Á porta daquela igreja vive o ser tradicional", o erro é criado num momento fugaz que é partilhado por milhares de pessoas simultaneamente: "Sou diferente", "estou rodeado de gente, mas estou só". Isto é só prejudicial para as almas que assim se julgam, apenas com sombra, não se lembrando que a sombra não existe sem luz, e esta por sua vez é essencial para que a nossa existencia se cumpra. Isto já é uma dependência cumum, ora as outras adivinham-se aos milhares...indago eu!
Mas "à porta daquela igreja vai um grande corropio" , talvez porque seja noite de lua nova, e não haja uma sombra surrealista que lhes fale das semelhanças tão espalhafatosamente evidentes, e "dão-se as voltas da canalha" em volta de uma fogueira que os une e por momentos a sombra nasce atrás das costas, sendo naturalmente atirada para o esquecimento . Hoje relembrei, julgando ajudar. Depois de dar "7 Voltas" e de olhar para muitas 7 saias, "ai voltas", levaram-me a casa, onde me permiti escutar. Relembrei. Aos 14 tinha os outros como acessorios, não como parte essencial da existência, aprendia sobre senso cumum em filosofia mas discordava disparatadamente nos testes. Teimosia inconsciente. Recusava a comunicaçao...falava sozinha e para mim. Em suma...era mais egocêntrica do que sou...aos vinte pesa já uma consciência do estar com o próximo ..."ser" graças a alguém....em conjunto com um todo. A minha amiga diz ter uma presente relação mais leve que uma miragem, mas no entanto tão preocupante como uma alucinação, com alguém tão imprevisivel e despreocupado, que não lhe dá segurança sequer para criar uma imagem minimamente fiável. Eu compreendo essa atitude. Pois eu, à distancia de alguns anos, relembro-me como uma rapariga que coleccionava atributos....um namorado, era mais um. E arruamava momentos, dir-se-ia que era organizada dentro do caos. No entanto tinha presente que o "clic" que tivesse de se dar para me travar, não seria oferecido nem trazido por outrém, era antes uma invenção minha. MAS NÃO MAIS QUE UMA INVENÇAO. Pois o amor apaixonado é apenas uma reação hormonal...uma ilusão dos instintos. O motor da procriação. Ou quem sabe, uma tentativa de inserção social. Porque "já idade" "porque todos os meus amigos já olham e pensam assim" ...nada que outro clic, o do tempo, não resolva também. Diria que é quase o voltar à consciencia adolescente, mas com mochila às costas, em que se adquire o outro com um companheiro já não carregado com o fardo de nos satisfazer plenamente, mas confesso que não caio no extremo de pensar que só é viável acreditar que este é o projecto de uma velhice mais aconchegante. Enfim. Tanta coisa para concluir ( "às volta de uma coisa velha vai uma grande confusão") que no "pré" e no "pós" ilusão me assemelho ao mais recente amigo da minha tão mais que armazenada amiga Cátia.
Um Abraço.
Adoro Madredeus

sábado, abril 01, 2006





Fugir do trabalho...e do passeio com medo do remorço...nada que não faça parte da minha rotina, ou, numa visão que esconde procura de companhia, talvez não seja mais que a rotina dos alunos de arquitectura...excepto dos mais espertelhos que se safam por puro milagre, e que desconfio não serem deste planeta, ou quem sabe de um menos marterizante... mais saudavel que o meu. Bom, mas hoje comecei a escrever aqui com intuito de provar que se consegue escrever e ter algo para dizer quando se está satisfeito e/ou inconsciente, e contrariar, com toda a arrogância, aquilo que todas as figuras que fizeram das suas palavras máximas para muitos dizem: "o sofrimento é a fonte da escrita". Não consigo. Não sei. E hoje nada mais tenho a dizer...o que inquieta, porque até não estou 100% bem.
Um abraço