Uno.
Reúno o arruinado antes pensado
que agora não faz efeito, talvez apenas porque não se concretizou.
Junto todos os pedaços de papel
rasgado, apenas sonhos adiados de medo na fronte.
Papéis…volto a uni-los, a
rasga-los em pedaços mais pequenos até desvanecerem as ideias, os sonhos,
desejos que neles se mostram e faço questão em dar-lhes caminho acabando com o
meu.
Cada dia passa. Cada dia irá
passar num futuro a longo prazo numa rotina que a vida não visita nem mesmo a
felicidade, apenas o meu conformismo, pondo alegria em todas as pequenas coisas
e nos problemas que se evitam mas voltam ainda com mais veemência à superfície.
Nisto…porque é que o medo não se
rasga? Animal roendo a minha carne que nada resolve, só adia a minha suposta
existência que deverá ser agora, pois o amanhã parte do que se consegue hoje. E
nisto agarro os pés, voltando à mesma posição.
Conforto.
Desconforto que se resolve não se
resolvendo.
Agarro. Mordo as pontas dos dedos
dos pés. Tapo-me. Espero.
Apodreço.
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