Mais um dia “In”…diferente de mim
( ...uma personagem de um filme, coloquei-a a viajar ao meu lado num comboio.
O que vai acontecer?)
Estação do Oriente? Num dia frio, avanço com calma e trepidante.
Sol clemente, sempre com pressa de ir a poente, buscar o mistério de um outro lado de uma bola veemente em amores…dissabores…conveniências…ardências…rancores…complacências. 19:30…Tons de verde alface ardente como se o sol tivesse sido quente, que fizesse brotar cor a partir de si…findo com enlace em dois lugares no comboio… começasse.
Nas esquinas, uma pessoa em cada par de cadeiras…umas feias outras não, embora digam que em Portugal, bonitos, não faltarão!
Olho novamente. Penso. E se toda a gente de repente, saísse do seu largo lugar e ocupasse as cadeiras vagas, mesmo que ao lado não estivesse o seu par? E se houvessem professores no comboio? Sentar-se-iam, a jeito de quem recomenda, ordeiramente, em lugares com ocupação lateral? Sem mal, não esquecendo assim a sua moral.
Esqueço.
Estará a minha colega em casa a olhar a parede Azul cor de vómito alcoólico…mal pintada…no meu quarto, com roupa espalhada, desdenhando, como quem não quisesse nada? A Fumar. Num dia para si assim bucólico.
Ao meu lado, “sui generis”, vestida com cores tiradas de um quadro de Matisse, com expressão surreal de um quadro de Chrico. E eu. Como saída de um quadro matérico. Ossos, carne e nada.
19:45. Dá-me um sorriso. Nome? Amélie. Insegura mas compenetrada em si, relembra a sua infância com as cores da sua roupa, num visível passado de insegurança mas de lembrança cor-de- rosa…E foi assim, que reencontrei o cuidar de mim. E dela?...que nem a boca abri! …Quem cuidará?