quarta-feira, junho 14, 2006

(...)
Encontrei ontem um nome de que há muito precisava: Invenção de si.
Não o adquiri, estou à espera de ter espaço para ler o Sentimento de Si que há muito ganha pó nas minhas estantes.
Reinvento-me nestes últimos dias, numa alegria que me sai do vazio e me preenche os espaços que me sobram e há muito reclamam pelo estatuto de Lugar.
Sinto saudades de sentir as minhas hostilidades como aconchego, dado pela consciência de um perdão que lhes é dado, como se de uma pessoa amada se tratasse, na qual se admira os defeitos como virtudes, pois estas não são mais do que uma consequência.
Será que me cheguei a amar? Será que cheguei a apreciar o meu erro como se fosse a queda de criança que aprende a andar, e da qual sorrimos com carinho?
Cheguei.
Estava em 2003, numa noite de Agosto, na qual me chamaram para sair de casa após três meses de alegre recolhimento, apesar das marcas na fisionomia, que revelavam uma saúde duvidosa ou um espírito em tormento. Tinha a face em chaga. Olhava-me com prazer. Este prazer ou carinho, para além de fazer com que a dita epidemia fugisse no tempo, como pegadas que se apagam com o chegar de novas ondas, fez com que eu não receasse o erro, antes, brincasse com ele. Fundi o Estanho com o Ouro e ninguém se dava conta da fraude.
Só que infelizmente, ainda não cacei um espírito linear e satisfatório. O meu é o Outono que se seguiu ao Inverno. Por ordem: Primavera, Inverno, Outono.
Ainda me apavoro com os erros. Sinto-me como uma criança num quarto escuro com medo de tropeçar nas coisas e a desejar fantasmas. Durante este ano cansei-me de olhar para o espírito do Natal passado, lamentar o Natal Presente e sonhar com o Natal Futuro, numa autentica passagem do Natal com a Disney, não conseguindo, apesar de ser “animado”, dar-lhe a credibilidade do filme completo. Faltou-me o dia interventivo e interactivo. Não soube configurar a minha vida de forma a que houvesse lugar para temperos.
Bem…foram 3 anos corrosivos.
17 anos. Olhava-me ao espelho e não me reconhecia. Avisavam a minha mãe de que a filha olhava para o vazio…que tinha um olhar ausente. Sentia-me plena.
18 anos. Vivências confusas de choque. Perdi o meu chão algures em Belém, num autentico Renascimento do espírito em Rewind.
19 anos. Tentar curar as feridas.
20 anos. Estado caótico.
14/06/2006 com uma luz ao fundo do túnel onde recordo as minhas vivências mais marcantes como se na morte estivesse.


Um brinde!

Observação: Há uns bons tempos sonhei que sucumbia, num último sonho antes de me virar para o novo dia. É uma sensação de Paz indescritível.

5 comentários:

Anónimo disse...

Acho que nos comprazemos no nosso sofrimento, por isso ficamos ternamente a olha rum passado de dor, quase com saudade. Tudo isso me é muito familiar.

Até que um dia experimentas a dor a sério e percebes que dela nada nasce de belo, nem de acolhedor, só mais dor ainda.

Anónimo disse...

Fála-vos uma pessoa que a dor conhece. Um dia,passado bastante tempo,descobrirão que a felicidade está nas coisas mais simples...como na simples observaçao da Natureza que nos cerca, e que a maioria das vezes, e em especial nos nossos vinte anos, nem para ela olhamos.

Anónimo disse...

A felicidade não é fruto da paz, é a própria paz
Autor: Alain Tema: Felicidade

Rodrigo disse...

Parabéns pelos 21 anos!

Acho que a luz é a genuidade. Pensar menos em tudo.

Boa sorte para o ano que já começou ;)

**

Rodrigo disse...

Não me digas que não fizeste anos!! :P