quinta-feira, junho 29, 2006

26/06/2006

Faz trinta anos que alguém se deixa invadir pelo mundo de sonhos cor de rosa que hoje não são mais que pesadelos tornados numa grande guerra. Faz trinta anos que alguém nasceu. E passam dois dias desde aí, que recordo com a pena de quem desejava para esse alguém um dia mais feliz, ou quem sabe dias mais prósperos.
O nome do presente que dei não está em sintonia com a pessoa, antes torna-se obsoleto: Paz. Ainda mais tratando-se de uma Paz que não é o fruto do descanso da guerreira, mas antes de um motivo frívolo, como o da apreciação da beleza do feminino.
Lamento ter pressa de satisfazer o pedido da pessoa em questão e não a poder assim contemplar com uma coisa personalizada, como era merecido.
Passam assim dois dias que se corre para o hospital de Leiria com o meu avô.
Passam 50 minutos que a minha prima abandona o banco ao lado da cadeira onde estou, para ir descansar, esperando-lhe amanhã um dia que deixa em fúria os deuses e em satisfação o demónio.
Faz alguns minutos que decido desabafar aqui os restos que esta visita me deixou, e que nestes últimos 50 minutos andei a ruminar.
Uma existência tão merecidamente jovial apesar de ter 30 anos como é a da Andreia, deixa em dúvida os meus mais profundos sofrimentos, que em comparação, não passam das mais simples picadas de mosquito, ao pé de mordidas de serpente, tendo um remédio fácil, que apenas não chega, pela minha preguiça de ir comprar fenistil à farmácia.
Pergunto-me hoje…haverá remédio para veneno de serpentes? Nunca passei por algo tão aflitivo para validar um testemunho de cura. Uma coisa se diz: para se ser feliz até um certo ponto, é preciso se sofrer até esse mesmo ponto.
Ainda não lhe deram lugar para a felicidade, nem tempo, nem tão pouco objecto. Só preocupação sobre os ombros, amparados por umas mãos das quais me desgosta o desgasto. Quem as olha não reconhece a forte armadura que são e o quanto já passaram, o tão mal tratadas que foram, e quão bem se defenderam, e continuam belas e resplandecentes, enquanto que as minhas murcham com a mudança de estação. Foram criadas em estufa. Nunca sentiram o verdadeiro frio do Inverno.
Parabéns Andreia.

quarta-feira, junho 28, 2006












Lugar de Implantação




Posto de Turismo
Neste exercício é-nos proposto um novo acto projectual, um Posto de Turismo, no núcleo histórico da Covilhã, que consiste em vestirmos a pele de um arquitecto de renome estudado no exercício 2.
No meu caso interiorizei o modo de pensar de Pierre Chareau, e os princípios modernistas defendidos na sua obra.
Baseei-me sobretudo na obra estudada no exercício anterior, a Casa de Vidro, por ser a sua obra mais significativa, possuindo este arquitecto/designer, uma reduzida obra de arquitectura, sendo esta feita a dois, não havendo por isso uma forma pertinente de me generalizar dentro das que ele possui, dai centrar-me na Casa de Vidro.
Partindo do principio de integração que esta sofreu no local onde foi construída, fiz com que o meu projecto também se integrasse completamente no local, aproveitando as escadas já existentes, a fonte e o desnível situado no local onde esta se encontra, para vestir aí a minha construção, tentando evitar que esta contraste em demasia com a sua envolvente.
Quanto ao seu posicionamento, a sua fachada principal, que contém tijolo de vidro está virada a sudeste, apanhando um breve sol matinal, e a sua fachada posterior esta situada a oeste, nunca apanhando sol directo, o que evita o sobreaquecimento do Posto de Turismo, apesar da grande quantidade de vidro que se situa nessas orientações.
Foram utilizados o tijolo de vidro “nevado”, metal nas zonas onde aquele não se situa, isto a nível de aspecto exterior da construção.
No seu interior prevalecem os mesmos matérias utilizados no exterior, por extensão, e acrescenta-se o chão de borracha natural em pastilhas. No mobiliário sigo igualmente a sua filosofia e faço do balcão de atendimento um dois em um, como ele fizera na Casa de Vidro, em que corrimões serviam de estantes, sendo o balcão assim simultaneamente um expositor para folhetos informativos. Faço igualmente prevalecer o seu modo de pensar na cadeira para o publico que se abre em leque.
Na zona restrita ao público surge-nos uma casa de banho que serve simultaneamente como opção de passagem para o exterior desta zona.
A nível formal, o todo do edifício apresenta-se como uma forma geométrica simples, tal como Pierre Chareau utilizava.
Sabendo que é impossível reencarnar o modo de pensar de alguém, esforcei-me para ver este espaço, durante estas três semanas com os seus olhos.


















Fachada Principal









Fachada Posterior







Interior (zona de atendimento)

quarta-feira, junho 14, 2006

(...)
Encontrei ontem um nome de que há muito precisava: Invenção de si.
Não o adquiri, estou à espera de ter espaço para ler o Sentimento de Si que há muito ganha pó nas minhas estantes.
Reinvento-me nestes últimos dias, numa alegria que me sai do vazio e me preenche os espaços que me sobram e há muito reclamam pelo estatuto de Lugar.
Sinto saudades de sentir as minhas hostilidades como aconchego, dado pela consciência de um perdão que lhes é dado, como se de uma pessoa amada se tratasse, na qual se admira os defeitos como virtudes, pois estas não são mais do que uma consequência.
Será que me cheguei a amar? Será que cheguei a apreciar o meu erro como se fosse a queda de criança que aprende a andar, e da qual sorrimos com carinho?
Cheguei.
Estava em 2003, numa noite de Agosto, na qual me chamaram para sair de casa após três meses de alegre recolhimento, apesar das marcas na fisionomia, que revelavam uma saúde duvidosa ou um espírito em tormento. Tinha a face em chaga. Olhava-me com prazer. Este prazer ou carinho, para além de fazer com que a dita epidemia fugisse no tempo, como pegadas que se apagam com o chegar de novas ondas, fez com que eu não receasse o erro, antes, brincasse com ele. Fundi o Estanho com o Ouro e ninguém se dava conta da fraude.
Só que infelizmente, ainda não cacei um espírito linear e satisfatório. O meu é o Outono que se seguiu ao Inverno. Por ordem: Primavera, Inverno, Outono.
Ainda me apavoro com os erros. Sinto-me como uma criança num quarto escuro com medo de tropeçar nas coisas e a desejar fantasmas. Durante este ano cansei-me de olhar para o espírito do Natal passado, lamentar o Natal Presente e sonhar com o Natal Futuro, numa autentica passagem do Natal com a Disney, não conseguindo, apesar de ser “animado”, dar-lhe a credibilidade do filme completo. Faltou-me o dia interventivo e interactivo. Não soube configurar a minha vida de forma a que houvesse lugar para temperos.
Bem…foram 3 anos corrosivos.
17 anos. Olhava-me ao espelho e não me reconhecia. Avisavam a minha mãe de que a filha olhava para o vazio…que tinha um olhar ausente. Sentia-me plena.
18 anos. Vivências confusas de choque. Perdi o meu chão algures em Belém, num autentico Renascimento do espírito em Rewind.
19 anos. Tentar curar as feridas.
20 anos. Estado caótico.
14/06/2006 com uma luz ao fundo do túnel onde recordo as minhas vivências mais marcantes como se na morte estivesse.


Um brinde!

Observação: Há uns bons tempos sonhei que sucumbia, num último sonho antes de me virar para o novo dia. É uma sensação de Paz indescritível.