Surpresa!
Depois de alguma coisa que se afigurava como um tudo, ou mesmo o TUDO, veio a dura realidade riscar essa ideia e lembrar-me que o que tenho realmente e só...são sonhos. Tudo se auto-promovia como incontestável devido à minha necessidade de viver loucuras, e estava longe de receber o nome que hoje lhe dou: Ilusão.
Apesar de tudo, presentemente sinto isto com menos confusão e dor do que era de se esperar, tendo em conta o meu frágil ego, e neste contexto agradeço esta desilusão da vida que se mostra imperativa por exemplos sucessivos, que alegremente vejo construir em mim estruturas que se tinham perdido no tempo num ambiente de paz armada.
Esta ilusão, que pensava ser a minha base de acção do agora, constituiu algo mais que isso: estabilidade, venha a tempestade que vier...pois ela só por si era um forte temporal, em relação ao qual tive de fabricar anti-corpos, esses que são o resto de tudo e que servirão para algo mais...quem sabe sejam o começo de um sentir-me em unidade sólida, forte e não passível de se destruir ao toque...como até há bem pouco tempo. Coisa que já começo a sentir...e que era tão desejada.
Como se pode brilhar à meia noite? Abano o coração ainda adormecido, esqueço a canção que gastei continuando esta a viver secretamente dentro de mim. O que me aconteceu não sei, não sei do que me recordar, embora saiba do que viver. Tento arrumar à pressa os últimos meses e sair depressa para o trabalho… guardo o coração desperto, e esqueço a canção que noto já não passar na rádio… em sonhos ou nas arrojadas beliscadelas. Trai-me tanto devido a gatos, estes meigos são enquanto os domino. Mesmo sem gatos fico com frieiras da noite fria… sendo assim mesmo com luvas, dizendo as pobres mal criadas que me querem saber ler, que tenho é coração partido, vida em modo corrompido. Não o tenho, talvez só pé dormente e recusa de ir para a cama por estar doente. Para quê camas quando se tem quem nos cante o fado? Quero cantar a cantiga do meu pastor, pois é tarde demais para tudo o que me lembro, mesmo para a verdade crua, po...
Comentários
Devemos sonhar sempre... é o que dizem :P
Autor: Rivarol , Antoine Tema: Surpresa
Vergílio Ferreira, in 'Nítido Nulo'