
A Idiota
Ao dar por finda a minha leitura num dado momento da meia noite de ontem, invade-me uma surpresa que era mais por assim se constituir do que pelo facto de onde surgiu. Enfim…agradeço a minha susceptibilidade de olhar para um marcador de livros que diz “Verão 2005” e ficar submersa na nostalgia de um tempo perdido.
Agradeço hoje o facto de viver intensamente os pormenores, coisa que outrora (bem há pouco tempo) me criava tempestades, pois as particularidades mesquinhas estão quase definitivamente trancadas na gaveta. Agradeço lembrar-me exactamente do instante em que apanhava o marcador na Bertrand…”A verdadeira sofisticação que dispensa dobragem de folhas, embora em papelão é gratuita”.
Agradam-me estes últimos dias de fim de semana em que começo a reorganizar a desorganização em que cai ultimamente, e posso afirmar que embora a temesse não transformei isso em ansiedade. Tem-me ido ao gosto “O Idiota” de Fiodor Dostoiévki, que, embora ande a achar que é de um existencialismo suave, que não nos coloca dentro de um “sentir” pretendido com a história, ou narrativa, como Virgílio Ferreira faz, ainda assim é agradável e ilustrativo, até ralaxante e de fácil leitura, o que é de admirar, pois dentro disto não é um exemplo paradigmático do existencialismo que conheço.
Agrada-me agradar-me, enfim, um livro que demorou a começar ser lido pelo desconforto da “diferença” dada pelos nomes das personagens, algo excêntricos para uma portuguesinha sem cultura, até porque esquecendo toda esta dificuldade, identifico-me com a personagem principal, o idiota, não lhe chamando assim, mas simplesmente ingénuo, sendo esta a prova da semelhança…pois cai em defesa.
Comentários
em relação ao existencialismo literário, sinceramente também não acho que Dostoiévki seja um existencialista por natureza;
quanto a Virgilio Ferreira,
é magnífico!!! já li uns quantos livros carregados dessa ambiência que é tão dele e me delicia. recomendo-te um que a meu ver é uma obra-prima, "alegria breve".
os mais sinceros cumprimentos!