“Porque tenho eu frieiras se nunca tiro as luvas”. O relógio no Infante dá as batidas, mesmo adjacente a mim, num silêncio pontual, que resulta do 13 de Maio ou das queimas noutras cidades. Deixo de fazer os deveres já pendentes e enrolo-me cada vez mais na inércia, que ontem no meio de macas, bancos e garrafas de soro se deu como tensão baixa, haja ou não boa alimentação, muito café ou sal. Antes isso que preguiça…Preguiça não é curável. Isto aliviou-me e enquanto me agarrava a um telefone público para chamar táxi, tive um prazer imenso na minha falta de companhia, no meu azar, e nas minhas sucessivas odisseias com a saúde. Tive prazer no silêncio depois da amena expectativa, na ilusão de independência, dadas a circunstâncias… nestas situações, quase sempre solitária, devido ao disfarce, e de me julgar sempre menos mal do que estou. Regozijo-me ardentemente de me erguer sem apoio depois da tempestade. Sempre tive oportunidades neste ponto, pois nunca me iludi com a dor.